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quinta-feira, 25 de março de 2010

CD de duetos celebra os 50 anos de Renato Russo

Se estivesse vivo, o cantor Renato Russo faria 50 anos de idade no próximo dia 27 de março. Para celebrar a data, a EMI Music - gravadora de toda a obra fonográfica do cantor - colocará no mercado no início de abril o disco Duetos, que une - por meio de recursos tecnológicos avançados - a voz de Renato a de cantores como Leila Pinheiro, Caetano Veloso, Marisa Monte, Fernanda Takai, Laura Pausini e a saudosa Cássia Eller. Além disso, o álbum ainda compila os duetos que de fato aconteceram, como A cruz e a espada (com Paulo Ricardo), A carta (com Erasmo Carlos) e Mais uma vez (com 14 Bis). Confira o set list desse verdadeiro presente para os fãs:

1. Like a lover - com Fernanda Takai
2. Celeste - com Marisa Monte
3. Vento no litoral - com Cássia Eller
4. Mais uma vez - com 14 Bis
5. A carta - com Erasmo Carlos
6. A cruz e a espada - com Paulo Ricardo
7. Cathedral song - com Zélia Duncan
8. Change partners - com Caetano Veloso
9. Strani amori - com Laura Pausini
10. La solitudine - com Leila Pinheiro
11. Come fa um'onda - com Célia Porto
12. Só louco - com Dorival Caymmi
13. Esquadros - com Adriana Calcanhotto
14. Nada por mim - com Herbert Vianna
15. Summertime - com Cida Moreira

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Fumo

Tenho ficado em casa mais tempo do que de costume, aproveitando as horas livres para ler e reler várias coisas. Certo dia, redescobri a obra polêmica e encantadora de Florbela Espanca, poetisa admirada em todos os cantos do mundo, devido à carga romântica e juvenil de seus poemas, que têm como principal interlocutor o universo masculino. Eu conheci a arte de Florbela através do cantor cearense Raimundo Fagner, que musicou magistralmente os sonetos Fanatismo, Chama quente, Tortura e Fumo (o meu preferido!). Fiquei embevecido com tanta angústia, lascívia e paixão, expressados em versos contundentes.
Em Fumo, a poetisa põe lado a lado o amor e o vício. Há a comparação da pessoa amada com a fumaça, que nos escapa aos dedos, impossível de se segurar. É como se o amor se perdesse antes mesmo de se encontrar. Impressionam-me também as imagens que ela utiliza para retratar a dor da ausência, em versos como: "Longe de ti não há luar nem rosas/ Longe de ti há noites silenciosas/ Há dias sem calor, beirais sem ninhos". Ela compara, nas entrelinhas, sua tristeza ao clima de outono em Portugal: "Os dias são outonos - choram, choram/ Há crisântemos roxos que descoram". Seus pensamentos suplicam o tempo inteiro a presença da pessoa amada: "Meus olhos são dois velhos pobrezinhos, perdidos pelas noites invernosas/ Abertos, sonham mãos cariciosas/ Tuas mãos doces, plenas de carinho". Enfim, são muitas as minhas impressões acerca desse soneto belíssimo, mas prefiro retratar cantando o que sinto:


segunda-feira, 8 de junho de 2009

Jorge Vercillo, inspiradíssimo, confirma a magnitude de seu carisma em show excepcional no Recife.

Os ares de junho trouxeram um presente aos recifenses amantes da boa música: Guilherme Arantes e Jorge Vercillo no Chevrolet Hall. O primeiro, monstro sagrado da música brasileira, autor de clássicos que fizeram história em trilhas sonoras de novelas nas décadas de 70 e 80. O segundo, o mais notável talento da nova geração, surgido nos anos 90, e que vê na década atual a sua consagração, fruto de seu gênio criativo e incontestável lirismo, capaz de trazer um novo ânimo à MPB, entoando canções que falam com alto grau de beleza artística e perfeição estética sobre o mais elevado e sublime dos sentimentos: o amor.

Desde o lançamento de seu último CD de estúdio, “Todos nós somos um” (2007), Jorge Vercillo vem colecionando elogios não apenas do público, que sempre lotou seus shows desde os primeiros discos, mas também da crítica, que passou a ver seu trabalho com mais receptividade e o dissociou finalmente da imagem do Djavan, que o perseguia desde o início da carreira, com comparações constantes e, muitas vezes, descabidas. Pode-se afirmar que Vercillo, de uns tempos para cá, tem vivido o auge de sua produção: modificou a sonoridade; trocou de banda; musicou texto inédito de Maysa; teve música em trilha de novela; participou de projetos especiais, como o “Coisa de Jorge”; diversificou parcerias com artistas do cacife de Fátima Guedes, Dudu Falcão, Marcos Valle, Nico Rezende, Isabella Taviani, Ana Carolina etc, e teve composições gravadas por Maria Bethânia, Leila Pinheiro, Pedro Mariano e Luiza Possi, dentre outros.

O referido disco de Jorge Vercillo rendeu bons frutos, como o CD/DVD ao vivo, “Trem da minha vida”, gravado no Canecão no início de novembro de 2008. O novo DVD reforça a densidade das canções do álbum “Todos nós somos um” e mostra a emoção que o CD de estúdio não consegue ressaltar em sua plenitude. Embora bem intencionado, o novo trabalho ao vivo sofreu algumas críticas por conter repetições de seu DVD anterior, datado de 2006, e também pelo fato de Vercillo ter deixado de fora da gravação algumas importantes canções como “Luar de sol”, uma das mais pedidas dos fãs, “Cartilha”, grande parceria com Fátima Guedes, e “Numa corrente de verão”, feita em duo com Marcos Valle. No entanto, só quem vai a um show de Jorge é capaz de sentir a força das canções e constatar a magnitude do carisma que ele tem com os fãs. É uma espécie de atração de ímã, que faz com que as pessoas não desgrudem os olhos do palco. Ele, com um jeito simples e, muitas vezes, requieto, consegue mesmo assim deixar o público em suas mãos.

Jorge Vercillo e Guilherme Arantes cantando "Planeta Água"


Jorge veio fazer seu enésimo show em Recife no último dia 06/06 para lançar justamente o novo DVD, que contém apenas uma música inédita, a faixa-título, “Trem da minha vida”, um reggae feito em homenagem à mãe dele. O show começou pouco tempo depois da apresentação solo de Guilherme Arantes, na qual Vercillo fez uma grata surpresa e cantou o hit “Planeta Água” com o cantor, no bis, em número ovacionado por uma platéia histérica. Como sempre, Jorge abriu o espetáculo com “Melhor lugar”, seguida pela autobiográfica “Tudo que eu tenho”. Logo depois, Jorge fez os cumprimentos e iniciou cantando, com sua voz de veludo, os versos “Eu tô pensando em tu que só/ É chão que chega a dar um nó/ Um homem para se envolver/ Difícil como o bicho se render”, brindando o público com sua doce canção “Luar de sol”, de sabor regional e com direito ao arranjo original completo. Rara beleza! Seguiram-se outros sucessos como “Signo de ar”, “Leve”, “Homem-Aranha” e a tão aguardada “Devaneio”, momento pungente do show. A grande surpresa do repertório foi a inserção da lúbrica “Cartilha”, canção que abre o CD “Todos nós somos um”, e que inexplicavelmente ficou de fora da turnê e do DVD ao vivo. Jorge teceu, com humor, algumas considerações sobre a letra dessa música:

“Vocês conhecem a Fátima Guedes? Pois é, a Fátima é uma libertina, no bom sentido. Quando nós estávamos fazendo essa música, ela, com aquela voz de professorinha de inglês, perguntou (Jorge imita a voz de Fátima e arranca risos do público):

- Jorge, você gostou da cartilha de amores hindus?
- Claro, Fátima, as imagens contidas na letra são muito bonitas! Gostei muito!
- Mas, Jorge, você sabe o que é a cartilha de amores hindus?
- Sim, são imagens que você usou na letra e...
- Não, Jorge! A cartilha de amores hindus é o kama-sutra!
Depois de ouvir isso, aí foi que fiquei gostando mais da música. Mas então ela continuou:
- Jorge, e aquela parte da letra que fala dos lábios azuis?
- Sim, achei muito bonita. É pra combinar com aquela parte que fala em pedaço do céu... Ficou legal falar em azul, essas imagens, coisa e tal...
- Jorge, você não sabe o que são os lábios azuis? São os lábios genitais femininos!
(O público adorou!)

Depois disso eu passei a gostar mais ainda dessa música!”, afirmou o cantor.

Logo depois, Jorge cantou a ótima canção “Toda espera”, e afirmou “Vocês pediram essa música, ela não ia entrar no DVD, mas por causa de vocês, ela acabou se tornando uma das mais importantes”. Após cantar canções como “Vôo cego”, “Trem da minha vida”, “São Jorges” e “Ela une todas as coisas”, Vercillo abriu espaço para pedidos: voltou ao passado e entoou a bela canção “Praia nua”, da forma como ela foi originalmente concebida, com voz e violão. Ele cantou alguns trechos da letra em espanhol. Em seguida, depois de pedidos incessantes das pessoas, Jorge cantou “Avesso”, música constante nos seus shows em Recife desde a época da turnê “Leve” (2000-2001) e que nunca saiu do repertório, devido a toda história que se criou em torno dela, por causa da letra de teor homoafetivo. Sobre “Avesso” e também “Final Feliz” (que alguns afirmam ser a extensão da primeira), o jornalista e pesquisador musical Rodrigo Faour afirma em seu livro “História sexual da MPB: a evolução do amor e do sexo na canção brasileira”, Ed. Record, 2006, pág. 425-426:

Encerrando o velho milênio, um dos poucos artistas da MPB jovem a se firmar como cantor e compositor, Jorge Vercilo emplacou no CD “Leve” duas canções de apelo homoerótico. A primeira – ao que parece – foi sem querer. Trata-se do mega-sucesso Final feliz ­– gravada em duo com seu ídolo Djavan –, que dizia “Chega de fingir, eu não tenho nada a esconder (...) Pode me abraçar sem medo/ Pode encostar sua mão na minha, e a segunda, bem mais contundente, Avesso. “Fiz Final feliz falando de duas pessoas com medo de assumir um sentimento. Tenho amigos homossexuais que realmente já tinham feito a associação, mas a letra não foi com essa intenção”, explicava Vercilo. “Mas nesse mesmo disco tem Avesso, que realmente fala do amor gay, em homenagem a um produtor meu, Ricardo Camilo, que já faleceu. “Por acaso, Avesso fez sucesso no Nordeste antes de Final feliz, e alguns amigos pensaram até que fosse uma continuação”, continua.

Avesso começava na velha cena de bar gay, presente em várias outras músicas do gênero: “Num insuspeitável bar, pra decência não nos ver/ Perigoso é me amar, doloroso querer/ Somos homens pra saber o que é melhor pra nós/ O desejo a nos punir só porque somos iguais”. Em seguida, vinha o panfleto no melhor estilo “Anos 70”: “A Idade Média é aqui/ Mesmo que me arranquem o sexo, minha honra, meu prazer/ Te amar eu ousaria/ E você, o que fará se esse orgulho nos perder?”. Era a hora do desabafo: “O que eu sinto, meu Deus, é tão forte!/ Até pode matar/ O teu pai já me jurou de morte por eu te desviar/ Se os boatos criarem raízes, ousarias me olhar, ousarias me ver?/ Dois meninos num vagão e o mistério do prazer/ Perigoso é te amar, obscuro querer/ Somos grandes pra entender, mas pequenos pra opinar/ Se eles vão nos receber, é mais fácil condenar ou noivados pra fingir?”. Que forte, Jorge!

Após atender os pedidos, Jorge cantou “Encontro das águas” e depois “Fênix”, número que se repete desde a turnê “Elo”, de 2002. Foi a hora de “Camafeu guerreiro”, com direito a roda de capoeira, encenação e tudo mais. Seguiram outros hits radiofônicos, como “Monalisa” e “Que nem maré”. No bis do show, veio a surpresa, quando Jorge voltou e, ao violão, entoou “Himalaia”, de seu ótimo, mas quase esquecido disco “Em tudo que é belo”(1996). O cantor terminou a longa e esfuziante apresentação com “Líder dos Templários” e “Vela de acender, vela de navegar”.

Após o show, já quase às três da manhã e Jorge era só simpatia no camarim. Eu disse a ele:

- Rapaz, você estava incansável hoje! Duas horas e vinte de show! Que maravilha!
- Pois é, Freddy, as pessoas não queriam me deixar ir embora hoje! (Risos). Muitos pedidos! Pediram “Himalaia” no final. É cansativo, porém gratificante. Mas não é sempre que eu agüento esse tempo todo.
- Muito bom você ter inserido “Cartilha” pela primeira vez aqui em Recife, e fazê-la com banda, arranjo completo etc.
- É, as pessoas me cobram muito as músicas que ficaram de fora do DVD. “Luar de sol”, por exemplo, é uma delas.

Depois de um abraço no ídolo, despeço-me satisfeito e no estado de graça que só quem tem a música como alimento da alma é capaz de sentir e compreender.

Vida longa e muito sucesso ao nosso Jorge Vercillo!!

Fontes pesquisadas:
Livro:
- FAOUR, Rodrigo. História Sexual da MPB: a evolução do amor e do sexo na canção brasileira. Rio de Janeiro. Record, 2006.
Internet:
Jorge Vercillo - Site oficial:
Blog "Ele une todas as coisas" - Bia Sampaio
Créditos das fotos do show: Wanessa Rafaela (Recife-PE).

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Rede Globo causa grande mal-estar ao cortar exibição de cantoras no especial em homenagem a Roberto Carlos

O especial Elas cantam Roberto Carlos, exibido pela Rede Globo no último domingo, 31/05, das 23h05 às 00h25, foi extremanente indelicado ao cortar 6 das 20 cantoras que se apresentaram no Theatro Municipal de São Paulo. Ficaram de fora Adriana Calcanhotto, Marina Lima, Paula Toller, Celine Imbert, Rosemary e Mart'nália. Essas apenas apareceram na música final, quando todas as cantoras dividiram a mesma música com Roberto. E o fato de a emissora ter exibido 2 números musicais de Ivete Sangalo só aumentou o mal-estar, pois reforçou a falta de respeito com as outras que tiveram suas performances cortadas. Não se sabe qual foi o critério utilizado pela emissora para tamanha falta de respeito às artistas. Outro ponto a ser questionar é o porquê de exibir os especiais musicais quase de madrugada. Em 2008, a série de programas Som Brasil ia ao ar quase a 1 da manhã. Ibope? Será que um especial em homenagem ao cantor mais popular do Brasil não daria uma boa audiência, exibido na íntegra e num horário mais acessível a todos, principalmente aos que tem o compromisso de acordar cedo para trabalhar no dia seguinte? Ao horário nobre é reservada toda a programação de gosto duvidoso, mas o que realmente interessa aos telespectadores que primam pela qualidade está reservado praticamente à madrugada: os especiais musicais, o Programa do Jô, o Altas Horas, de Serginho Groisman etc.

O fato é que a guerra das emissoras pela audiência nos últimos anos tem tornado a programação da TV aberta cada vez mais inculta e desprovida de refinamento. Se o que interessa hoje em dia é apenas Ibope, é melhor abolir de vez os especiais e deixar o Faustão o dia inteiro ou botar mais novelas além das cinco que já são exibidas diariamente. A impressão que se tem é que a Globo destina apenas as sobras de horário aos especiais musicais. Se música na TV aberta não alavanca mais a audiência, é melhor que fique reservada aos DVDs. O que não se pode permitir sem questionar é esse tipo de indelicadeza que a Globo cometeu com as cantoras ao cortá-las do especial.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Nostalgia: a música de Isolda e Milton Carlos

Milton Carlos
A década de 70 foi uma época bastante inspirada da música popular brasileira. Nesse período, surgiram vários importantes compositores e intérpretes que formaram parcerias célebres, como Isolda e Milton Carlos. Os dois irmãos adentraram o mundo da músican ainda na adolescência, fazendo backing vocals. Em 1970, Milton Carlos teve a oportunidade de gravar seu primeiro LP e, a partir daí, outros cantores, impressionados com a verve criativa dos jovens compositores, passaram a solicitar várias músicas à dupla.

Cabe ressaltar que a voz de Milton Carlos era bastante peculiar porque continha, além da beleza esfuziante, uma evidente androginia. Em 1973, Isolda e Milton ganharam projeção nacional depois que Roberto Carlos gravou uma canção deles, intitulada Amigos, amigos. Daí em diante, os dois caíram nas graças do Rei, que passou a gravar com frequencia as composições da genial dupla. Seguiram-se Jogo de damas (1974), Elas por elas (1975), Um jeito estúpido de te amar e Pelo avesso (ambas de 1976). Abaixo, alguns dos versos de Isolda e Milton Carlos que ficaram na boca do povo pela voz de Roberto Carlos:

Isolda
Pelo avesso
"E você reservada, tão quieta, não fala
mas sabe me endeusar
no exato momento da nossa agonia
pra se completar
com seus beijos ardentes, tão doces, tão quentes
vem me embriagar
no entanto, sentida, no instante da briga
chega a delirar

Entre bocas nervosas, com risos, com prosas
vamos nos pertencer
E rasgando essa vida da forma precisa
de amar e de se ter...

Eu quero seu amor a qualquer preço
Quero que você me tenha até pelo avesso
Pra me sentir envolvido em seus cabelos
Faça de mim o que quiser
Eu sou seu homem, minha mulher"


Roberto Carlos - LP de 1976

Um jeito estúpido de te amar

"(...) Palavras são palavras
e a gente nem percebe
o que disse sem querer
e o que deixou pra depois

Mas o importante é perceber
que a nossa vida em comum
depende só e unicamente de nós dois.
Eu tento achar um jeito de explicar
Você bem que podia me aceitar
Eu sei que eu tenho um jeito
meio estúpido de ser
Mas é assim que eu sei te amar"




Em 1977, um trágico acidente de carro na via Anhanguera, em São Paulo, pôs fim à vida de Milton Carlos, com apenas 22 anos de idade. Isolda, mesmo profundamente abalada com a morte prematura do irmão, companheiro e parceiro musical, compôs sozinha a sua mais importante e bela canção, Outra vez, que foi gravada no mesmo ano por Roberto Carlos e acabou se tornando um dos maiores sucessos do cantor. A letra sugere o fim de um romance, mas na verdade é uma homenagem de Isolda a seu irmão, e trata de um amor fraterno que se mantém vivo através das lembranças.
Roberto Carlos - 1977


Outra vez

"Você foi o maior dos meus casos
De todos os abraços o que eu nunca esqueci
Você foi dos amores que eu tive
O mais complicado e o mais simples pra mim
Você foi o melhor dos meus erros
A mais estranha história que alguém já escreveu
E é por essas e outras
Que a minha saudade faz lembrar de tudo outra vez
Você foi a mentira sincera
Brincadeira mais séria que me aconteceu
Você foi o caso mais antigo
O amor mais amigo que me apareceu
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez

Esqueci de tentar te esquecer
Resolvi te querer por querer
Decidi te lembrar quantas vezes
Eu tenha vontade sem nada perder
Ah... você foi toda a felicidade
Você foi a maldade que só me fez bem
Você foi o melhor dos meus planos
E o maior dos enganos que eu pude fazer
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez."


Sobre a morte do irmão e a música Outra vez, Isolda relata em seu blog:

“Acho que minha vida se divide em antes e depois desse dia. Pensei em voltar a estudar, em tomar outro rumo, mas no meio dessa tempestade encontrei vários amigos que me abrigaram, emocionalmente e, mesmo sem perceber, continuei fazendo sozinha o que sempre fiz desde menina: brincar de fazer músicas. Desse momento em diante, sem mais o meu amigo para brincar comigo. Foi assim que fiz, numa madrugada, uma música desprovida de qualquer ambição futura, uma confidência sincera: ‘Outra vez’. Gravei essa canção numa fita entre outras e entreguei para Roberto Carlos”.

Isolda continuou compondo para vários artistas. Roberto gravara, ainda, Tente esquecer (1978), Como é possível (1982) e outras nas décadas de 80 e 90.

Milton Carlos, apesar da curta carreira, também deixou grandes registros na sua própria voz, dentre eles: Samba quadrado (canção que teve bastante êxisto na época e até hoje é lembrada por grupos de samba/choro); Uma valsa, por favor; Vexame; Desta vez te perdi; Eu juro que te morreria minha; Memórias do Café Nice ("ai que saudade me dá... do bate-papo, do disse-me-disse lá do Café Nice/ ai, que saudade me dá"); e a belíssima Você precisa saber das coisas.


Fontes pesquisadas:

- Blog "Engenho e Arte":
http://www.paulobap.blogspot.com/ (acessado pela última vez em 29/05/2009);

- Isolda (Site oficial):
http://www.isolda.mus.br/ (acessado pela última vez em 27/05/2009);

- Site "Paixão e Romance"
www.paixaoeromance.com/70decada/outra_vez/houtra_vez.htm (acessado pela última vez em 29/05/2009).

terça-feira, 31 de março de 2009

Jorge Vercillo lança "Trem da minha vida"

O cantor Jorge Vercillo acaba de lançar seu mais novo trabalho, o DVD Trem da minha vida, registro de show gravado nos dias 31 de outubro e 01 de novembro de 2008 no Canecão. O repertório é pautado, em sua maior parte, pelas canções do último disco, "Todos nós somos um", além de alguns sucessos de carreira e a faixa-título, inédita, um reggae composto por Vercillo em homenagem à mãe dele. As canções antigas apresentam uma nova roupagem, com destaque para Signo de ar, permeada de belos arranjos que propiciam um delicioso clima lounge (palavra inglesa que significa lugar de descanso, leveza). Homem-Aranha foi totalmente reformulada e recebeu elementos jazzísticos. A onipresente Monalisa tornou-se uma salsa. Final feliz ganhou uma levada mais soul. O tão batido hit radiofônico Que nem maré mostra-se de fato dispensável no novo trabalho, e poderia ter sido substituído por alguma de tantas boas músicas que Vercillo possui. Um dos pontos altos do DVD é o momento em que Jorge canta a pungente Devaneio, com introdução de Tenderly (Walter L. Gross/Jack Lawrence), um dos mais lindos e regravados standards da história da música popular. Vercillo já tem uma certa familiariadade com os standards de jazz: ele gravou em 1995, especialmente para a trilha da novela Cara e Coroa, o clássico Secret Love (Sammy Fain/Paul F. Webster), que virou Um segredo e um amor, em versão feita por Dudu Falcão).

O DVD contou com participações especiais de Serginho Moah, vocalista do grupo Papas da Língua, na canção São Jorges (parceria de Vercillo com Jorge Aragão, pinçada do repertório do projeto Coisa de Jorge); Jota Maranhão no samba Filosofia de amor (Jota é antigo parceiro musical de Jorge e co-autor da primeira canção de sucesso do cantor, Encontro das águas, originalmente lançada em 1993, mas que também reaparece no novo DVD, com um ótimo solo do contrabaixista André Neiva); por fim, a melhor das participações, Dudu Falcão, autor de melodias marcantes com letras densas, que faz um número de voz e violão com Jorge Vercillo entoando Coisas que eu sei, que foi sucesso na voz da cantora Dani Carlos. O pernambucano Dudu é parceiro de Jorge em outras composições, tais como Melhor lugar e Deve ser, também presentes no DVD.

As belas canções Voo cego e Ela une todas as coisas, ambas do último disco, constituem também extraordinários momentos do show. Outro grande destaque é Toda espera, que originalmente estava fora do script e acabou voltando com força total no DVD. Na ocasião, o bis do show, Vercillo surpreendeu-se com os pedidos incessantes do público, que cantava em coro essa música. Dessa forma, o cantor resolveu atender os clamores dos fãs e a dita canção acabou se tornando um dos carros-chefes do novo trabalho. Tudo isso é mostrado nos extras do DVD, que ainda exibe cenas de Vercillo no sossego do lar, relembrando antigos sucessos ao violão, em companhia de seus dois filhos e da esposa.

domingo, 8 de março de 2009

Mulheres...

O Café Cultural relembra a passagem do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, data que marca a contínua luta das mulheres - que atualmente somam mais da metade da população mundial - pelo reconhecimento de seus direitos em todos os âmbitos: familiar, institucional, político, cultural e econômico.

Brooke Shields

*Tu és mulher
Tu és um ser
Que pode ser mais do que é
Um passarinho, fruta qualquer
Pode ser doce
O fel até

Pode não ser como quiser
Mas serás a guerra e a paz
Serás o bem e não será demais
O mal me quer
Ser se quiseres




Pois as mulheres são tão iguais
À natureza e aos rapazes
Que tudo fazem ou nada fazem
Senão viver como capazes
De fazer, de acontecer
De adormecer quando chover
Ou de morrer de um amor comum
Que qualquer um pode querer





Lúcia Veríssimo



Camila Pitanga


Pode levar na bandeja/A cabeça de um cristão/ Pode servir ou vir a ser/ O seu próprio sim ou não.



*Os versos supracitados são da canção Mulher, de Raimundo Fagner e Capinam. Essa música foi incluida num magistral disco de Fagner, intitulado "Beleza", de 1979.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Novo CD solo de Marcelo Camelo nas lojas em setembro!

O primeiro disco solo do ex-hermano, totalmente autoral, intitulado "Sou", chegará às lojas no próximo dia 08/09. Gravado desde novembro de 2007 pelo selo independente Zé Pereira, o CD já teve a faixa Doce solidão disponibilizada para download no MySpace do artista em março de 2008. A partir desta sexta-feira, 29/08, serão disponibilizadas dez das quatorze faixas do álbum para download gratuito no portal Sonora, do Terra. A turnê nacional de lançamento do disco inicia-se em Recife-PE, no festival Coquetel Molotov, no dia 19 de setembro, e segue pelas principais capitais até o fim do ano.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Cazuza em DVD

Em comemoração aos 50 anos que o cantor Cazuza faria em abril , foi concebido e está nas lojas o DVD Cazuza - pra sempre, que traz duas apresentações históricas do artista, morto em 1990, de complicações decorrentes da Aids. Eis o set list do vídeo:

1. Exagerado
2. Medieval II
3. Por que a gente é assim
4. Vida louca
5. Boas novas
6. Ideologia (participação especial: Frejat)
7. Nosso amor a gente inventa
8. Blues da piedade (participação especial: Frejat e Sandra de Sá)
9. Faz parte do meu show
10. Todo amor que houver nessa vida
11. Codinome beija-flor (participação especial: Simone)
12. Preciso dizer que te amo
13. Só as mães são felizes
14. O tempo não pára
15. Bete balanço
16. Um trem para as estrelas (participação: Gilberto Gil)
17. Brasil (participação especial: Gal Costa)


Além das músicas, o DVD contém uma entrevista com o próprio Cazuza e depoimentos dos artistas Ney Matogrosso, Simone e Sandra Sá. Além disso, traz uma galeria de fotos e um texto emocionante sobre a vida de Cazuza. Recomendável não apenas para fãs, mas para aqueles que queiram conhecer com mais profundidade a vida e a obra desse genial artista, o qual, apesar de sua curta existência, teve uma carreira meteórica, esfuziante e inesquecível.

domingo, 15 de junho de 2008

Relato do show de Jorge Vercillo em Recife (14/06/08)

Jorge entrou após o show de Luiza Possi, quase a uma da manhã. Foi ovacionado pelo Chevrolet Hall lotado, assim que começou a fazer as vocalizes de "Melhor Lugar", antes mesmo das cortinas se abrirem. Foi bonito ver e ouvir os milhares de fãs cantando "Sonhamos paisagens, compramos passagem e nunca voamos pra lá" em coro. Após a segunda música, ele cumprimentou o público pernambucano e falou da satisfação de vir sempre a Recife. Elogiou Luiza Possi e falou de seu parceiro musical, Dudu Falcão, que estava aniversariando, e cantou "Ciclo", parceria de ambos (outro número em que o público em peso cantou junto, principalmente no refrão de "Eu que não sei quase nada do mar"). Emocionou a todos ao relembrar Gonzaguinha, com "Espere por mim, morena", em casadinha com sua bela "Luar de sol". Em seguida, houve o momento marcante em que cantou "Signo de ar", com um novo arranjo que ficou meio bossa (muito mais bonito que o 'dance' original). Foi praticamente idolatrado quando cantou "Ela une todas as coisas", cujos arranjos estavam completamente fiéis ao disco (o violino praticamente falava! Lindo). Ele soltou a voz em "Devaneio" e deve ter provocado arrepios no público inteiro naquele momento da paradinha: "e o silêncio... fala mais que a traição". Explicou a letra altruísta e espirituosa de "Vôo cego", uma das canções mais fortes de seu último disco. Arrasou na difícil “Numa corrente de verão”, parceria dele com Marcos Valle. Surpreendeu com o novo arranjo de "Homem-aranha", meio jazzístico, mas que não conseguiu empolgar tanto quanto o anterior. A mudança brusca causou uma certa estranheza em muitos dos presentes.

Na seqüência, teve um momento engraçado: ele errou a letra de “Toda espera”. No trecho “se eu ando distraída assim me deixe só” ele completou com “tô te trazendo o tempo inteiro só pra mim” e se atrapalhou com o restante da estrofe. Continuou rindo e apenas sofejando a melodia. Disse então: “pô, vâmo cantar essa primeira parte que fala da mulher de novo, que é tão bonita!”. Depois lembrou da letra e cantou a música toda. Foi aplaudidíssimo no final. “Camafeu guerreiro” com a roda de capoeira divertiu muito o público, mas foi um 'nada a ver' aquele violinista cantando “Epitáfio” desafinadamente e totalmente fora de contexto! Ponto para Calasans, que se mostrou afinadíssimo em “Eu só quero um xodó”. Logo em seguida, Jorge tentou dar uma renovada na surrada “Fênix”, com uns arranjos modernos, sem aquele batido solo de sax, mas ele bem que poderia dispensá-la e trazer à tona alguma canção do tão esquecido segundo disco, como, por exemplo “Infinito amor” ou “Raios da manhã”. Mas é fato que o público adora vê-lo cantar “Fênix”. Vercillo emocionou o público com “Encontro das águas” e, logo em seguida, atendeu aos pedidos insistentes para que cantasse “Avesso”, que se tornou música cult gay por causa da letra. A seqüência final do show iniciou-se com “Todos nós somos um”, quando Jorge mandou abrir a grade de proteção que separava as mesas da pista e todos se misturarem, fazendo jus ao título da canção. O público das mesas deve ter odiado (risos), mas o restante ficou enlouquecido, em êxtase!!! Em seguida, cantou Cazuza, Coisa de Jorge e outros hits radiofônicos! ÓTIMO show, como não poderia deixar de ser, em se tratando de JORGE VERCILLO.
Fotos ilustrativas creditadas a Rô Silva e Cátia Veloso.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

A ressurreição do disco de vinil na era de download e pirataria

O CD veio para matar o vinil e deve morrer primeiro


Era um ritual simples. Antes de mais nada, existia o prazer de ver a capa e tocá-la. Foi-se o tempo em que se tocava na música. Você tirava o disco da capa, colocava-o com delicadeza no prato da vitrola, pegava a pequena alavanca do braço (ou pick-up), virava para o lado que queria (78 ou 33 e 45 rpm) e deixava pousar sobre o bolachão. Aquele chiado inicial antes de começar a canção é inclusive usado como sonoridade em músicas até hoje.

O disco de vinil surgiu no ano de 1948, tornando obsoletos os antigos discos de goma-laca de 78 rotações, que até então eram utilizados. A partir do final da década de 1980 e início da década de 1990, a invenção do Compact Disc (CD) prometeu maior capacidade, durabilidade e clareza sonora, sem chiados, fazendo os discos de vinil ficarem obsoletos e desaparecerem quase por completo no fim do século XX. No Brasil, os LPs em escala comercial foram comercializados até meados de 2001. Mas o último relatório da Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD) revela o declínio da comercialização do formato que pretendia enterrar o vinil. As vendas de CDs e DVDs movimentaram em 2007 R$ 312,5 milhões, o que representou uma redução no faturamento líquido (vendas menos devoluções) das companhias que reportam estatísticas para a ABPD, de 31,2% em comparação ao ano de 2006, quando o setor fonográfico movimentou R$ 454,2 milhões. No segmento digital foram registrados R$ 24,5 milhões de movimentação no setor, o que já representa 8% do mercado total de música no Brasil. Por outro lado, em 2006, pela primeira vez a ABPD apresentou uma pesquisa de mercado sobre o universo musical na internet. O estudo, encomendado à Ipsos Insight, empresa de pesquisa de marketing do grupo Ipsos, constatou que 8,2% da população pesquisada, o que corresponde cerca de 2,9 milhões de pessoas, baixaram música na internet no ano de 2005, contabilizando quase 1,1 bilhão de canções sendo baixadas da rede mundial de computadores, a grande maioria oriunda das redes de compartilhamento de arquivos (Peer to Peer). Se esses downloads fossem feitos de forma legalizada, o setor teria arrecadado mais de R$ 2 bilhões, ou seja, 3 vezes mais do que o montante faturado pelo mercado oficial em 2005 com a venda de CDs e DVDs originais, que foi de R$ 615,2 milhões.

Na era do vinil, pode-se arriscar dizer que não havia pirataria. O problema começou a surgir quando a evolução tecnológica permitiu separar mídia e conteúdo, além de oferecer inúmeros métodos fáceis e acessíveis para replicar e copiar aquele mesmo conteúdo em diversas outras mídias, como nos casos dos DVDs e softwares. Na verdade, a condenação do vinil foi equivocada, pelo menos até agora.

Quem um dia tocou um vinil não o esquece mais. Talvez a geração digital não venha a descobrir os álbuns em embalagens gigantes e gostosas de serem olhadas e executadas, mas fato é que o vazio da era digital trouxe de volta a atenção pelo vinil. Aliás, ele nunca saiu do mercado. Sobrevive num mundo paralelo e entre ele e o CD é provável que o Compact Disc seja engolido pelo download, pelo menos é o que revela os números.

À medida que o CD vai perdendo terreno como suporte musical, os discos de vinil vêem o seu culto e vendas crescer. A CNN divulgou no começo do ano passado que a venda de singles de vinil de 7 polegadas aumentou de 180 mil unidades em 2001 para mais de 1 milhão de unidades em 2005. Por sua vez, a compra de CDs tem decrescido desde 2000, tendo sofrido uma descida de 20 por cento nos EUA em 2006.

O blog Listening Post, da revista Wired, resolveu perguntar ao eBay, o maior site de leilões do mundo: qual o volume de vendas de discos de vinil entre os usuários do site? A resposta foi surpreendente: atualmente, usuários do eBay compram 6 discos de vinil a cada minuto, ou seja, um disco a cada 10 segundos. O álbum mais comprado e vendido em formato vinil é o álbum branco dos Beatles. Se essa média se mantém constante, são 3.155.760 discos por ano. São raridades sendo vendidas entre colecionadores e aqueles que resolvem se desfazer de suas bolachas pretas que estão em casa pegando poeira. Mas esses mesmos colecionadores mantêm vivo um mercado paralelo e consistente de novos discos. Os artistas americanos e europeus até hoje lançam os novos álbuns nos formatos CD e MP3, mas alimentam os fãs com edições especiais em vinil. Madonna é mestra nesse quesito, porém estrelas menos conhecidas surpreendem com recordes de vendagens em vinil.

É o caso da banda The White Stripes que bateu o recorde em junho do ano passado com o vinil de um single mais vendido da história do Reino Unido com a música Icky Thump. A canção, que entrou na parada direto no segundo lugar vendeu mais de 10 mil cópias em apenas dois dias. De acordo com o ranking Music Week, da revista NME, a última banda a quebrar tal recorde foi Wet Wet Wet, com o single de Love Is All Around, tema do filme Quatro Casamentos e um Funeral, que vendeu 5 mil cópias em uma semana.

A persistência do suporte pode ser explicada por fatores como a estética e o culto do objeto (que vai resistindo na era dos downloads digitais) ou pela qualidade sonora. Também pode ser justificada pela sua proeminência no circuito dos DJs que encontram nos discos de vinil maior facilidade e possibilidade de manuseamento direto para as suas técnicas de discotecagem, além da popularização de gêneros musicais como o reggae ou o hip-hop, que tem na sua gênese a manipulação de discos.
Pela sobrevivência do bolachão: Senaes entra no movimento pela recuperação da única fábrica de discos de vinil do país

A Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), do Ministério do Trabalho e Emprego, entrou na ação emergencial para impedir que a Polysom do Brasil, única fábrica de discos de vinil do país, feche definitivamente suas portas em virtude de dificuldades técnicas e financeiras.A mobilização começou no ano passado sob a liderança do Ministério da Cultura com o lançamento das iniciativas destinadas à preservação da fábrica. Participaram do ato o ministro Gilberto Gil e profissionais ligados à indústria fonográfica nacional.

Em reunião com os proprietários da Polysom, Luciana Carvalho e Nilton Rocha, e com um representante do Ministério da Cultura, em 25 de março, o diretor do Departamento de Fomento da Economia Solidária, Dione Manetti, propôs a elaboração de um plano de trabalho de recuperação, que deve começar com um diagnóstico detalhado da situação atual da empresa. "Incluindo, ainda, o levantamento de investimentos necessários e das oportunidades para essa fábrica no mercado", destaca o diretor.

Por meio desse projeto, Senaes, Ministério da Cultura e os donos da Polysom buscarão parcerias e alternativas de financiamento para a retomada do empreendimento que começou em 1999, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Na época, a empresa chegou a produzir 110 mil cópias por ano para uma igreja pentecostal. Nos últimos anos, com a sofisticação de instrumentos de digitalização musical e por conta de problemas técnicos e financeiros, a equipe foi reduzida a três polivalentes profissionais e a produção passou a cair. No ano passado, registrou somente 23 mil cópias. "Estamos abertos ao novo e com disposição. Acreditamos no que fazemos e que vai dar certo", disse Luciana Carvalho.

domingo, 27 de abril de 2008

Hip Hop e a música com sabor de rapadura

Rapadura híbrida com sabor de anos 80 tempera o disco pop do ano



“Hard Candy”, o décimo primeiro álbum da cantora Madonna, chega às lojas brasileiras e da Europa no próximo dia 28/04.



O novo álbum de Madonna, “Hard Candy”, previsto para chegar às lojas brasileiras e do resto do mundo amanhã (nos Estados Unidos na terça, 29) vazou no final de semana passado na internet. A chegada precoce foi marcada pela guerra de palpites fervorosos entra os fãs e a crítica. Como sempre acontece com os lançamentos da maior representação musical pop que existe no mercado, os especialistas do universo musical se dividem entre os que preferem o disco anterior e os que dizem que o novo é bom.


Madonna apesar de não fazer parte do universo regional diretamente, merece sempre destaque nas análises da imprensa porque é a partir do que ela lança que vamos consumir o que o pop no resto do planeta seguirá. É assim na sonoridade e no visual. Quem não viu Joelma travestida de Madonna na Banda Calypso? Adriana Calcanhoto regravou a genialidade minimalista de “Music”, transformando-a em sonoridade tupiniquim e o DVD ao vivo de Ivete Sangalo sugou a superprodução ditada pela cantora americana.


Deixando algumas comparações infelizes para além, “Hard Candy” (doce duro ao pé da letra, ou rapadura para bom entendedor) ganhou esse nome pela paixão por doces da cantora e agora adquire uma conotação depois do lançamento que talvez a própria Madonna não esperasse, nem irá entender a brasilidade da livre interpretação: rapadura é doce, mas não é mole, não!


A revista americana Rolling Stone, principal publicação sobre música e cultura Pop do planeta recebeu bem o disco. Por aqui, os resenhistas andam quebrando os dentes para entender, degustar e se desprender do mito que persegue a cantora de que depois de um disco excelente (é o caso do álbum passado lançado em 2005, “Confessions on a Dance Floor”) vem um ruim. Faz sentido. Aconteceu com American Life, por exemplo.



Mas não é regra. Antes de mais nada, os críticos cobram novidade sonora eternamente. É verdade que “Hard Candy” é novo para Madonna, mas não para o pop. Delineado pelo hip-hop, a dúvida que paira é se o disco só fará as pazes da cantora com o mercado americano, reduto do gênero, ou se ela soube aproveitar o investimento no estilo para gravar algo realmente interessante. Dúvida que vai se desfazendo depois de algumas audições. "Hard Candy" vem como sucessor de "Confessions on a Dance Floor", que estreou em primeiro lugar nas paradas de 30 países e na era do download grátis vendeu mais de 8 milhões de cópias.


No novo disco, Madonna continua focada no clima club e acende as raízes do passado que mandam sinais de fumaça da vida urbana em Detroit e do começo em Nova Ioque para uma noite habitada pela batida hip hop em parcerias com artistas como Timbaland, Justin Timberlake, Pharrell Williams (do Neptunes) e Nate "Danja" Hills. Todo mundo esperava que ela transformasse o hip hop para não parecer com as outras cantoras pop que descambaram por esse lado como Nelly Furtado. Com esta, para não mentir ou omitir, há uma farpa de parentesco nos maneirismos vocais e arranjos de “Heartbeat”, nada que comprometa a originalidade do disco na obra de Madonna ou que dê cabimento para é “mais-do-mesmo”. Não há uma transformação. Há uma reafirmação do casamento pop-hip-hop e o disco não parece nada com a concorrência.


É uma miscelânea de elementos que estão custando caro aos ouvidos apressados. Se “Confessions...” mantinha uma unidade sonora do início ao fim e é o que se espera dos discos para taxá-lo de bom, as canções de “Hard Candy” bebem da hibridez que distancia uma faixa da outra e confunde o ouvinte. Com disco music, electro, vocoders, muito sintetizador e bateria programada as músicas não se comunicam, mas também não se trumbicam.


Trata-se do resgate da linha oitentista revestida da atualidade da eletrônica. Os discos da cantora nos anos 80 não seguiam exatamente uma estética sonora única. As faixas eram como estas de hoje que tinham força por si só. Para entender, escute a estréia “Madonna” e para ir mais além, absorver o doce poder de “Hard Candy”, ouça “Like a Prayer”, o álbum.O disco está cheio de contrastes e embora não seja revolucionário tem frescor de inovação. A idéia é dar um ar futurista e ao mesmo tempo retrô, club, é algo pólis. Nessa miscelânea de conceitos, o disco não chega a ser genial, mas ficará na casa da nota 9 pela simplicidade e doçura das melodias que tem até um quê de despedida (tomara que seja só da Warner – “Hard Candy” é o último disco dela lançado pelo selo). O encarte é a única parte que deixa a desejar. Madonna acerta no conceito pugilista na capa, porém peca no resto do ensaio perdendo força com uma certa tristeza transparente no olhar e um ar de senhora que não condiz com a jovialidade do álbum.


A onda de decepção que o disco tem provocado se resume ao fato de que as análises em cima das obras dela são precedidas da imposição midiática de que venham recheadas de vanguarda. Dessa vez, Madonna esteve despretensiosa, e mesmo que tenha havido a intenção de inovar contraditoriamente usando os elementos já conhecidos, o disco soa diferente, alto astral e não há motivos para jogá-lo no limbo.


Faixa a faixa



1. "Candy Shop" - escrita por Madonna e Pharrell Williams, produzida por The Neptunes.Canção que, além de explicar a temática adocicada do álbum, também já convida os ouvintes ao ritmo dançante que será explorado no disco. Ouça o álbum “Like a Prayer” e entenda a batida quebrada da música.


2. "4 Minutes" - escrita por Madonna e Justin Timberlake, produzida por Timbaland, com vocais adicionais de Justin Timberlake, é o primeiro single do disco e passa longe de ser a melhor faixa. Traz aquele pancadão funk e é a mais hip-hop de todas.

3. "Give It 2 Me" - escrita por Madonna e Pharrell Williams, produzida por The Neptunes. De longe a melhor. Disco, sintetizadores, universo electro que dá o tom da faixa. Poe qualquer pessoa pra dançar. “Não é o começo, nem o fim” como diz a letra.

4. "Heartbeat" - escrita por Madonna e Pharrell Williams, produzida por The Neptunes. Pancadinha hip hop marcante, melodia fácil, agudos anos 80. E vá dançar.

5. "Miles Away" - escrita por Madonna e Justin Timberlake, produzida por Timbaland, possivelmente fala da relação dela com seu marido Guy Ritchie quando viviam em continentes separados é repetitiva, mas tem a cara das baladinhas deliciosas que embalam aos dores de cotovelo.

6. "She's Not Me" - escrita por Madonna e Pharrell Williams, produzida por The Neptunes. A forma que ela encontrou de dizer que igual a ela não existe ninguém. Uma guitarra dá gingado a música, com elementos do groove que desembocam num remixe fantástico de si mesma

7. "Incredible" - escrita por Madonna e Pharrell Williams, produzida por The Neptunes. Sonzinho de cobra ao longo da faixa a deixa como a mais fraca do disco, paquerando os adolescentes e com uma certa confusão nas camadas. Leve nuance funk dá uma salvada no som.

8. "Beat Goes On" - escrita por Madonna e Pharrell Williams, produzida por The Neptunes. Uma surpresa para quem já tinha ouvido esta faixa na época em que vazou, no final do ano passado. Com outros arranjos e tranqüila, a faixa é tudo que Michael Jackson gostaria de gravar. Perfeita!
9. "Dance 2night" - escrita por Madonna e Justin Timberlake, produzida por Timbaland, com vocais adicionais de Justin Timberlake .O baixo marca a faixa que pode ser considerada a mais black.

10. "Spanish Lessons" - escrita por Madonna e Pharrell Williams, produzida por The Neptunes. Parece confusa, mas não é. Tem um certo excesso de elementos, porem graciosa como as musicas e influencias latinas que ela costuma usar. Dançante.

11. "Devil Wouldn't Recognize You" - escrita por Madonna e Justin Timberlake, produzida por Timbaland, co-produzida por Nate "Danja" Hills, com vocais adicionais de Justin Timberlake. Aquela baladona. Como já disse noutra ocasião, as baladas dela são impagáveis. Outra black que Michael gostaria de ter gravado. Passa longe da pieguice da concorrente Mariah Carey.

12. "Voices" - escrita por Madonna e Justin Timberlake, produzida por Nate "Danja" Hills, co-produzida por Timbaland, com vocais adicionais de Justin Timberlake. "Hard Candy" termina com Justin Timberlake perguntando: "Who's the master and who's the slave?" (na tradução livre, "quem é o mestre e quem é o escravo?"). É outra meia balada com pinta de etéreo.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Simone e Zélia Duncan juntas em CD e DVD ao vivo!

Chega às lojas no próximo dia 02 de maio o CD "Amigo é casa", registro de show que uniu as cantoras Simone e Zélia Duncan, em outubro do ano passado, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. O título do show foi tomado de um choro de Capiba, letrado por Hermínio Bello de Carvalho. A data de lançamento do DVD ainda não está prevista. O espetáculo traz sucessos de ambas, e mais alguns clássicos da música popular brasileira, como "Alguém cantando", bela música de Caetano Veloso, incluída no disco "Bicho" (1977), e que já foi magistralmente interpretada pelo saudoso cantor Jessé. Outra canção incluída no roteiro é "Grávida", incrível devaneio poético de Marina Lima e Arnaldo Antunes. Também está presente no disco a ótima canção "A idade do céu" (Jorge Drexler - versão: Paulinho Moska), que já havia sido gravada por Simone (com participação de Zélia) em seu DVD anterior.

E não poderia faltar no repertório a sempre criativa compositora Sueli Costa, representada na lúbrica canção "Medo de amar nº 2" - é impossível se esquecer da gravação original desta pérola, incluída no clássico LP "Cigarra", de 1978, em que Simone, com voz sensual, quase sussurrada, entoa os lascivos versos: "Você me deixa um pouco tonta, assim meio maluca/ Quando me conta essas tolices e segredos/ E me beija na testa, e me morde na boca, e me lambe na nuca.../ Você me deixa surda e cega/ Você me desgoverna quando me pega assim nos flancos e nas pernas, como fosse meu dono... ou então meu amigo, ou senão meu escravo/ E eu sinto o corpo mole, e eu quase que faleço quando você me bole, bole... mexe, mexe/ E me bate na cara, e me dobra os joelhos... e me vira a cabeça!/ Mas eu não sei se quero ou se não quero esse insensato amor, que eu desconheço, e que nem sei se é falso ou se é sincero/ Que me despe e me vira pelo avesso(...)".

Constam ainda no script as canções "Gatas extraordinárias", de Caetano Veloso (que já foi gravada por Cássia Eller em 1999); "Petúnia Resedá" e "Diga lá, coração", ambas de Gonzaguinha; "Encontros e despedidas", de Milton Nascimento; "Vou ficar nu pra chamar sua atenção", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos; e ainda o samba "Tô voltando" (Maurício Tapajós/Paulo César Pinheiro), que Simone gravou com grande sucesso no disco "Pedaços", de 1979. Do repertório menos expressivo de Zélia Duncan, destacam-se, dentre outras, "Mãos atadas" (Simone Saback), "Não vá ainda" (Zélia Duncan/Christian Oyens) e "A companheira" (Luiz Tatit).

terça-feira, 18 de março de 2008

Zizi em DVD

Zizi Possi - uma das mais talentosas cantoras do Brasil - abre temporada de 12 espetáculos, repletos de convidados, com diferentes repertórios, na casa paulista Tom Jazz para celebrar os 30 anos de sua bem sucedida e elogiadíssima carreira. O projeto - cuja idéia é juntar um vasto material em vídeo e compilar os melhores momentos de todos os shows num DVD - foi intitulado "Cantos e contos".

“Receber e apresentar os amigos, cantar com eles, ter espaço para contar e ouvir histórias. O projeto 'Cantos e contos' é a realização de um sonho que tenho acalentado há alguns anos. Ampliar as possibilidades de viver a liberdade de cantar a canção que me escolhe, poder partilhar essa delícia com o público, com os músicos e artistas que gosto e admiro, já é por si só um luxo. Fazer isso acontecer semanalmente é um verdadeiro oásis para quem, como eu, tem sede de música, beleza, cultura e arte. O palco é minha morada e estou feliz porque estarei 'abrindo minha casa' para receber amigos no palco e na platéia, fazer e ver a música ser feita, viva e ao vivo, integrando a todos", afirma a cantora.


A primeira das apresentações aconteceu na última terça-feira (11/03) e contou com participação da onipresente Alcione. Zizi abriu o show ao som de "O que é, o que é", de Gonzaguinha, e entoou na seqüência outros sucessos como "Mais simples", "Ar puro", "Lamentos" e "Viver, amar, valeu".
A Marrom entrou no palco na hora em que Zizi cantava "Escurinha", de Geraldo Pereira, e ficou até o final do show. Juntas, as duas relembraram clássicos como "Tanta saudade", "Com que roupa", "Gostoso veneno", "Incompatibilidade de gênios", "Não deixe o samba morrer" e "Madalena". Zizi ainda interpretou sozinha "Sufoco/ Linda flor" e "Rebento". A cantora estava bastante emocionada e foi às lágrimas mais de uma vez. O espetáculo foi totalmente ovacionado pelos privilegiados que estavam presentes.

Para os próximo shows - que acontecerão sempre às terças-feiras, até o dia 27/05 - já estão confirmadas as participações de Eduardo Dussek, Luiza Possi (filha da cantora), João Bosco, Ivan Lins, Bibi Ferreira, Edu Lobo, Ana Carolina e Alceu Valença (com quem a Zizi fez um arrebatador dueto em "Tesoura do desejo", presente no disco do cantor, "Sete desejos", de 1992).

Especialmente para o show do dia 29/04, Zizi Possi convidou o sanfoneiro moderno Toninho Ferragutti para prestar bela e merecida uma homenagem a Gonzaguinha, celebrando os 17 anos da morte do cantor, e também a Luiz Gonzaga, rei do baião, que se foi meses antes do filho.

Espera-se que, ao longo das apresentações subseqüentes, a cantora volte a deliciar o público com os seus sucessos mais populares, que a consagraram nos anos 80, como "Asa morena", "Noite", "Perigo", "Meu amigo, meu herói", "Eu velejava você", "A paz, "Nunca", "Luz e mistério", "Caminhos de sol" e "O amor vem pra cada um", mas sem abrir mão da qualidade e do total requinte que permeiam seus discos e shows.



Desde o seu surgimento na mídia, no longínquo 1978 - através da canção "Pedaço de mim", em célebre dueto com Chico Buarque - Zizi Possi colecionou grandes êxitos em sua carreira durante toda a década de 80, cujo ciclo se encerrou com o primoroso disco "Estrebucha Baby", de 1989, que marcou o afastamento do padrão radiofônico da época e, por essa razão, foi duramente criticado e recebido com frieza. O fracasso de vendas do LP marcou a saída da cantora da gravadora Polygram e a sua entrada na gravadora de pequeno porte, Eldorado, onde gravou o elogiadíssimo disco acústico, "Sobre todas as coisas", que foi um divisor de águas na carreira de Zizi e rendeu a ela os prêmios Sharp (atual Prêmio Tim de Música) e APCA (de melhor cantora e disco de MPB em 1991). Os discos "Valsa brasileira" (1993) e "Mais simples" (1996), repletos de regravações de canções pouco conhecidas de artistas consagrados, encerram a trilogia acústica da cantora. O êxito de vendagens do último disco resultou na primeira produção em língua estrangeira de Zizi Possi, "Per amore" (1997), cuja faixa-título fez enorme sucesso por conta de sua inclusão na novela "Por amor", de Manoel Carlos. Nessa época, Zizi fez muitos shows pelo Brasil e foi bastante aclamada pelo requinte do repertório e pelo seu total domínio da língua italiana. O sucesso foi tão grande que resultou no disco "Passione" (1998), considerado a continuação do anterior, que lhe garantiu novamente um disco de ouro e de platina. Em 1999, retomou o repertório brasileiro com o álbum "Puro prazer", no qual concretizou um antigo projeto de gravar voz e piano. Em 2001, gravou o CD "Bossa", que foi considerado um fiasco de vendas e criou uma indisposição de Zizi com a gravadora. A partir daí, deu-se a decisão da cantora de não mais assinar contratos longos com gravadoras. Os três anos seguintes marcaram a depressão de Zizi Possi e seu afastamento da mídia por um tempo. Em 2005, lançou em CD e DVD o restrito trabalho "Pra inglês ver e ouvir", com repertório formado por clássicos da música inglesa e norte-americana, gravado ao vivo no Teatro Frei Caneca, em São Paulo.

Por fim, o ano de 2008 marca o feliz reencontro de Zizi Possi (em plena forma aos quase 52 anos de idade) com seus antigos sucessos, parceiros queridos e público cativo. Conhecida por ser extremamente exigente no tocante à qualidade da sonoridade (fruto de seus estudos de composição e regência desde a adolescência), Zizi certamente saberá extrair o supra-sumo dessa série de apresentações do Projeto "Cantos e Contos" e presenteará todos os fãs com o que há de melhor em sua música.

Salve Zizi!!!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O Rei do Pop prepara sua volta!

Após um longo período repleto de confusões e polêmicas, Michael Jackson prepara terreno para sua volta, com o tão esperado CD de inéditas, produzido pelo rapper Will.I.am, do Black Eyed Peas, com lançamento previsto ainda para este semestre. Antes disso, será lançada no dia 12 de fevereiro a edição comemorativa dos 25 anos do álbum mais vendido de todos os tempos - "Thriller 25th Anniversary Edition", que virá com novo encarte e trará os clássicos do disco totalmente remasterizados, assim como novas versões de alguns dos hits. O primeiro single "The Girl is Mine 2008" já está nas rádios de todo o país, como Joven Pan e Transamérica, desde do dia 15 de janeiro, e conta com a participação do rapper Will.i.am. Mas a parceria do músico com Jackson não ficou apenas em uma canção. Depois de produzir nomes consagrados da música atual como Justin Timberlake, Fergie e Snoop Dogg, Will.i.am vivenciou um novo desafio: o rapper teve a tarefa de dar uma nova sonoridade aos clássicos do rei do pop. Em "The Girl is Mine", Will.i.am introduziu batidas mais fortes, sem perder o charme e o romance da versão original (gravada em duo com Paul McCartney): "Every night she walks right in my dreams/ Since I met her from the start/ I'm so proud I am the only one/ Who is special in her heart/ The girl is mine". A nova edição de Thriller contará ainda com as ilustres participações de Akon, Fergie e Kanye West, que remixou "Billie Jean". Um DVD também será lançado com os clipes de "Thriller", "Billie Jean" e "Beat It" e o célebre especial "Motown 25: Yesterday, Today, Forever", produzido pela NBC, em 1983, onde Michael mostrou para uma platéia boquiaberta o incrível passo de dança em que ele andava até o canto esquerdo e voltava deslizando de costas. Naquela noite do especial, mais do que mostrar ao mundo pela primeira vez o passo a que chamou "Moonwalk", Jackson consagrara-se como nada menos que o "Rei do Pop".

sábado, 1 de dezembro de 2007

No baticum da música eletrônica


A nomenclatura música eletrônica se refere a tudo que é utilizado binariamente para produzir música. Poucos se dão conta de que, quando falamos em música eletrônica, referimo-nos ao revestimento que a tecnologia permitiu à produção moderna. Quem conhece Céu, Cibelle, Bebel Giberto, Roberta Sá, Marina Lima ou Kátia B sabe que por trás do samba existe uma atmosfera concretizada a partir dos recursos da E-music. Já no baticum da música eletrônica dançante talvez haja mais com o que se preocupar do que botar o esqueleto para mexer. Dançante restringe o termo ao som que leva à dança em festas, mais precisamente, neste caso, às raves e movimentos correlatos: cena que pode ser subdividida em incontáveis gêneros. Da era disco ao final dos anos 1980, quando a música eletrônica dançante ganhou força com a invenção das raves, na Inglaterra, a mídia rejeitou o produto, depois o tombou para gerar o lucro e hoje volta condenar um modo de vida que, no princípio, propunha-se a reunir pessoas que pensavam em promover a elevação do espírito através da música, assim como se fazia nas décadas de 1960 e 1970 sob a ideologia do "paz e amor".


No entanto, há uma inversão de valores erguida pela burguesia alienada de hoje: a rave, que era reflexo da contestação e ambiente para o ouvinte entrar em estado de transe, utilizando como base a transformação do estado do corpo através de batidas seqüenciais, transformou-se em caso de polícia e saúde pública. Obviamente, o estado de transe dos anos 70, ou de hoje, sempre está associado ao uso de elementos adicionais à música, como drogas. E antes que a hipocrisia ataque, a diferença parece estar na consciência do usuário. A década de 70 não vivi e, portanto, não sei que nível de responsabilidade havia pelos usuários de aditivos. Nos anos 00, a música eletrônica dançante deixou de ser um ideal de revolução para se tornar tripé da experiência irresponsável do ouvinte, e a música deixou de ser o aspecto principal. Por quê?


Freqüentar a cena eletrônica deveria ser, em essência, tirar proveito da cultura underground que, por natureza, valoriza a qualidade em detrimento do apelo comercial. Mas, enquanto produto, empresas multinacionais passaram a apoiar raves que tem nas pick-ups Dj's estrelas do underground: paradoxo que virou moda e, como moda pós-moderna, criou um estilo de vida onde o que vale é desfrutar do prestígio.


O prestígio descabido levou a polícia do Rio de Janeiro, por exemplo, a prender nove pessoas no início de novembro, todos de classe média, que traficavam ecstasy para freqüentadores de raves. O ecstasy é a pílula mágica da vida para quem anda pela cena. É uma droga de forte apelo e efeito sedutor entre jovens e adolescentes porque dá pique e "elevação de espírito" nas festas que podem durar mais de um dia. Mas o ecstasy é uma droga sintética que pode causar danos aos usuários a longo prazo, como neurodegeneração e perdas de memória, além de desencadear transtornos psíquicos como a depressão e a síndrome do pânico. Causa também alteração dos sentidos - principalmente tato e audição - e pode ser fatal. O consumo da droga, mesmo que seja em pequena quantidade ou eventualmente, causa aceleração dos batimentos cardíacos, superaquecimento corporal e também um desequilíbrio na concentração de sais minerais do organismo. Comercializada em forma de comprimido, cápsula ou pó, a bala (como é chamada a pílula) faz o jovem exceder os limites e "fritar", ou ficar "muito louco", traduzindo a gíria. E o ecstasy é caro. Uma balinha não sai por menos de R$ 50,00. Talvez isso explique a predileção da classe média pela droga.


Por outro lado, drogas ilícitas em geral nunca estiveram tão baratas. Estudo do Centro Europeu de Monitoramento de Drogas (EMCDDA) mostra que, em cinco anos, a heroína sofreu redução de 45% e a cocaína, de 22%. Já a maconha, em Portugal, é vendida a 2,3 euros o grama e a 12 euros na Noruega.


Em Mossoró-RN, a cinquentinha da maconha, como é conhecida a barra de 50g, está entre 70 e 150 reais. Apesar do valor, ainda é a droga mais popular e pano de fundo para constatar, obviamente, a ausência de um movimento da música eletrônica na cidade. Este ano, a Delegacia de Narcóticos apreendeu 5.190 pedras de crack e pouco mais de 3Kg de maconha na cidade até meados de novembro. No mesmo período, a Polícia Federal apreendeu pouco mais de 56Kg de maconha e por volta de 6Kg de cocaína. Portanto, o ecstasy não passou pelas mãos da polícia em Mossoró. A idéia não é condenar a cena eletrônica, que mal existe. Aliás, quanto mais música, melhor. Para além de associar a música eletrônica à droga, fujo da repressão e do sensacionalismo da mídia e, assim, desejo que a cena vingue de forma consciente, porque a chegada será inevitável. Antes é preciso que se deixe de circular pelos bastidores das festas - quando raramente acontecem - os burburinhos de que o movimento é GLS. E, se vingar, a classe média (ou seja lá quem venham a ser os freqüentadores) deve reparar que, antes do abuso no uso das drogas, há música de qualidade e artistas interessados no respeito.