domingo, 29 de abril de 2007

"AH! O AMOR, ENQUANTO PUDERES, NÃO TE PERCAS DE MIM".

Tenho feito jus às palavras da querida Angela Rô Rô, em seu compasso mais civilizado e controlado:

"Estou deixando o ar me respirar/ Bebendo água pra lubrificar/ Mirando a mente em algo producente/ Meu alvo é a paz."


Os versos supracitados sugerem uma maneira zen de administrar o caos e buscar um ponto de equilíbrio! A vida não tá mole, não! Só me resta lubrificar as cordas vocais e cantar para alegrar a alma, espantar mazelas emocionais, zombar dos obstáculos, ousar e, talvez, perturbar os sentidos do público!


Hoje, particularmente, tive um momento radiante de emoção durante o ensaio para o meu show, ao ver a transformação que meus virtuosos músicos fizeram numa canção antiga do Roberto Carlos, chamada "Preciso lhe encontrar" (de 1970), composição de Demetrius. Senti arrepios ao cantá-la, por causa da carga dramática contida na harmonia e na letra:


"Quando olho em minha volta/ Onde quer que esteja eu sinto a solidão/ Vivo nesse desespero/ E você não vem por que razão/ Minha vida está perdida/ Já nem sei pra onde eu devo caminhar/ E o meu tempo, eu sei, é pouco/ É preciso, amor, lhe encontrar, lhe encontrar (...)/ Pra dizer que eu fui um tolo, pra dizer que só você é o meu amor/ Pra dizer que o meu caminho/ Tem que ser aonde você for/ Só agora eu entendo que não posso nunca, nunca lhe deixar/ Cada instante eu vou morrendo/ É preciso amor lhe encontrar, lhe encontrar(...) ".


O que eu acho mais lindo na letra é a simplicidade dos versos, que fazem uso da licença poética para deixar de lado as regras gramaticais de regência e colocação pronominal, as quais soam totalmente desnecessárias quando se quer falar de amor de uma forma mais descomplicada e apaixonada.


"Ah, o amor, enquanto puderes, não te percas de mim."


quinta-feira, 19 de abril de 2007

"(...) OUVIR AQUELA CANÇÃO DO ROBERTO..."

Hoje é aniversário do personagem mais popular e fascinante da história da música brasileira: Vossa Majestade, o rei Roberto Carlos! O seu surgimento no cenário musical há mais de quarenta anos funcionou como um vulcão em erupção que veio a queimar, destruir todos os preconceitos musicais advindos dos defensores da bossa-nova e das modas de viola. Roberto trouxe o rock n' roll ao Brasil, e foi duramente criticado pelos “intelectuais” por cultivar um estilo originado no exterior, pois, dessa forma, “descaracterizaria” a música brasileira e a levaria a uma perda de identidade. Não sabiam eles que Roberto só viria a representar com grandiloqüência a nova cara da música brasileira, mais versátil, mais interessante e muito, mas muito mais popular do que a já existente. Como tudo o que é novo e bom assusta, surgiram várias correntes de protesto contra o jovem e simpático cantor. É dessa época a criação da sigla MPB (Música Popular Brasileira), com o intuito de desmoralizar qualquer proposta musical que viesse de fora, e o capixaba Roberto Carlos era o principal alvo desse tiroteio de preconceito, devido a sua notável influência de Elvis Presley e dos quatro rapazes de Liverpool, que se tornariam, pouco depois, a banda mais importante e criativa do mundo: The Beatles.

Entretanto, os protestos levaram a nada: Roberto Carlos foi conquistando sucesso e espaço cada vez maiores na mídia, e provocava frisson por onde passava. Aos poucos, seus mais ferrenhos críticos, dentre eles a cantora Elis Regina (figura mais importante da MPB dos intelectuais e estrela maior do Fino da Bossa) renderam-se aos seus encantos. O ponto alto dessa quebra de resistência talvez tenha sido a magnífica gravação da canção de Caetano intitulada "Baby", na voz “de veludo” de Gal Costa, em 1968, justamente para o disco intelectual de protesto contra a ditadura militar, o famoso Tropicália. A referida canção dizia o seguinte:

“Você precisa tomar um sorvete na lanchonete/ Andar com a gente, me ver de perto/ Ouvir aquela canção do Roberto...".


Esse fonograma também ajudou a projetar Caetano e Gal em escala nacional.

Com o lançamento do disco “O inimitável” e do filme “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura”, o cantor se transformaria, pouco depois, no maior fenômeno de vendas do Brasil, e ter uma canção gravada por ele passou a ser o sonho de qualquer compositor, pois era certeza de altíssimo retorno financeiro, reconhecimento e guinada na vida. Logo em seguida, veio a década de 70, época de maior genialidade e consagração da parceria mais duradoura e bem-sucedida da música nacional: Roberto Carlos/Erasmo Carlos. Eles são criadores de algumas das músicas mais tocadas e regravadas do nosso país. Sucessos como Detalhes, Proposta, Café da Manhã, Amada Amante, É preciso saber viver, Olha, Além do horizonte, Lady Laura, Amigo, Cavalgada e um sem-número de canções fazem Roberto Carlos se orgulhar de ser um dos poucos artistas a figurar no inconsciente coletivo brasileiro, tamanha a dimensão do sucesso obtido. Ele manteve o êxito na década de 80, onde figuram canções inesquecíveis como Emoções, As baleias, O côncavo e o convexo, Do fundo do meu coração, Caminhoneiro, Fera ferida, dentre outras.
Na década de 90, ele viveu os melhores momentos de sua vida ao lado de sua amada, Maria Rita, e viveu os piores, quando da morte dela em 1999, época em que o cantor sofreu o seu hiato criativo e perdeu um pouco do prestígio como compositor, embora tenha mantido o sucesso de vendas. Seu disco e especial simultâneos ainda são bastante esperados nos finais de ano. Já é longeva a tradição: no Brasil, não há Natal sem Roberto!

Atualmente, ele vive boa fase profissional: faz inúmeros shows pelo país, sempre em ginásios; lança discos de inéditas, embora poucas, e algumas regravações de seus antigos sucessos; ganha bastante dinheiro com shows fechados em cruzeiros para pessoas mais abastadas; e ainda cuida de seus negócios de criação de gado de raça nas suas fazendas. Ainda mora no luxuoso bairro da Urca, no Rio de Janeiro. Está bem melhor do TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), e já até canta “Quero que vá tudo pro inferno” e “Negro Gato” em algumas de suas apresentações.

Parabéns, Roberto! Que você continue nos proporcionando alegrias com sua música por durante muitos e muitos anos! Há um predicativo que resume tudo o que você é para nós, brasileiros: FUNDAMENTAL.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

NAIR BELLO, MARAVILHOSA!

Ontem (17/04/07), o Brasil perdeu sua grande dama do humor. Nair Bello Souza Francisco faleceu aos 75 anos de idade, deixando o país mais sem graça do que já está, como bem afirmou o humorista Chico Anysio. A atriz teve uma carreira de bastante sucesso na TV, fazendo o público brasileiro dar boas risadas com seus inesquecíveis personagens de humor. Quem não se lembra de Dona Gema (novela "Perigosas Peruas", 1992), Dona Cininha ("A viagem", 1994), Carlotinha ("Torre de Babel", 1998) e Dona Pierina ("Uga, Uga", 2000)? Recentemente, ela animava nossas noites de sábado com a hilária Santinha, no humorístico Zorra Total, na Globo.

Nair Bello, muito obrigado por ser tão maravilhosa! Os anjos devem estar em festa com a sua chegada aos céus!


quarta-feira, 11 de abril de 2007

CONSIDERAÇÕES ACERCA DE CONTO DE MACHADO DE ASSIS.


Ontem, sentado à escrivaninha do meu quarto, estava eu a ler uma antologia de contos diversos, na qual constava um de Machado de Assis que me despertou bastante a atenção. Chamava-se PAI CONTRA MÃE. No início do conto, Machado começa com uma explanação sobre os tempos de dor e sofrimento da escravidão. Aborda ainda o desemprego causado pelo fim da mesma, devido à quebra de vários ofícios. Logo após, ele começa a falar sobre Cândido Neves, um “competente”, frio e cruel capitão do mato que, casado e prestes a ter um filho, passa por numerosas dificuldades financeiras, por causa da inconstância de sua profissão. Ora, nem sempre havia escravos fugidios para capturar! O que fazer então para pagar o aluguel e, posteriormente, cuidar de uma criança? Seguiria talvez os conselhos da tia de sua esposa: deixar a criança na Roda dos Enjeitados quando ela nascesse. Essa idéia o desesperava. Era mau mas, no tocante a seu filho, tinha coração mole. Chega o dia de deixar a criança na Roda dos Enjeitados. Ele mesmo a leva. No caminho, reconhece de longe uma mulata, cuja descrição vira em um anúncio, e o dono oferecia cem contos para quem a capturasse. Era sua chance de mudar de vida. No percurso, passa defronte a uma farmácia, deixa a criança com o farmacêutico e corre à captura da moça. Sobre gritos de pavor e súplica, ele captura a mulata, que estava grávida. Ela tinha medo do que o seu senhor pudesse fazer. Tinha medo do castigo e de algo mais que pudesse acontecer a seu feto. Cândido não se fez de piedoso e arrastou a negra a seu dono. Ao chegar na casa, o senhor de escravos pegou a mulata e a jogou violentamente no chão. Imediatamente, tirou o dinheiro e entregou a Cândido. Contorcendo-se de dor, a mulata aborta na frente dos dois. Cândido vai embora, pega seu filho na farmácia e festeja com sua família o dinheiro ganho. Ao ser indagado pela tia de sua esposa sobre a negra grávida que capturara, ele responde: - Há crianças que não vingam!

É incrível a maneira como Machado, com sua escrita peculiar e brilhante, aborda sobre as coisas cruéis e nefastas que o ser humano pode cometer devido à necessidade ou ganância. No caso do conto, o capitão do mato, que estava prestes a perder seu filho por não ter condições de criá-lo, não se importou em nenhum momento com o filho que a escrava perderia se voltasse à casa de seu dono. Muitas vezes, nós nos esquecemos quem fomos ou quem somos e, consciente ou inconscientemente, fazemos coisas injustificáveis com nossos semelhantes.


Salve Machado de Assis!
TRADUZIR-SE
(Ferreira Gullar)

Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém - fundo sem fundo

Uma parte de mim é multidão
Outra parte, estranheza e solidão

Uma parte de mim pesa e pondera
Outra parte delira

Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta

Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente

Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte, linguagem

Traduzir uma parte na outra parte
Que é uma questão de vida e morte
Será arte?

sábado, 7 de abril de 2007

Violência no Recife.


O Recife tem ocupado o desconfortável e vergonhoso primeiro lugar no ranking das capitais brasileiras mais violentas, de acordo com um estudo elaborado pela Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), com apoio do Ministério da Saúde, com base em dados de 1994 a 2004. A cidade apresenta registro de 91,2 pessoas mortas para cada 100 mil habitantes, índice comparável ao de Medelín (reduto do narcotráfico na Colômbia) no início dos anos 90. No entanto, a referida cidade colombiana - que já foi considerada a mais violenta do mundo - tem conseguido, ao longo da última década, reduzir drasticamente a violência urbana através de programas de inclusão social, aliados a uma arrojada política de segurança pública e maior presença do estado em áreas de conflito. Hoje, Medelín ostenta a taxa total de homicídios de 34 por 100 mil habitantes, o que é animador, se comparado com o registro de duas décadas atrás, que era mais de três vezes o atual.

Como podemos manter a calma e a resignação quando vimos a nossa polícia ser totalmente desmoralizada por bandidos? No último dia 05/04, no bairro de Boa Viagem, assaltantes espancaram um policial militar em um posto policial móvel e o deixaram apenas de cueca, e depois fugiram, não sem antes levar toda munição e armamento existentes no local. Antes, eles já haviam passado de carro pelos outros dois policiais que faziam a ronda e tinham desejado "bom trabalho". Esse é o irônico retrato do quanto a segurança pública do Recife tem sido destituída de credibilidade. Nessa cidade, não se pode mais andar tranqüilo com um aparellho celular, mesmo que escondido, ou ainda com um tênis de design mais arrojado ou com qualquer objeto que possa ser atrativo para os ladrões. A orla de Boa Viagem (ao contrário da de Tambaú em João Pessoa-PB) é completamente deserta e obscura à noite, e pisar lá a pé nesse horário é certeza de assalto. Bairros como Santo Amaro, Ilha do Leite e Cidade Universitária - que são pólos de cultura, saúde e educação - amedrontam a partir das seis da tarde, quando não se vê um "pé de pessoa" na rua, quicá um efetivo policial.

Recentemente, uma estudante de pré-vestibular foi estuprada debaixo do viaduto em frente à reitoria da UFPE, em Cidade Universitária, e não há policiamento no local. Na área do Bongi, próxima à praça da CHESF há recorrentes assaltos, principalmente a funcionários da empresa, por maus-elementos que ficam rondando o local o tempo inteiro em bicicletas. Na zona norte do Recife, em bairros nobres como Espinheiro, Casa Forte, Tamarineira, Rosarinho, Parnamirim e Graças, é difícil parar à noite em frente a casa para estacionar sem que haja o perigo de assalto, e é praticamente desaconselhável transitar a pé por esses bairros nesse horário. Enfim, Recife hoje é uma cidade que não inspira tranqüilidade, e a prefeitura e o governo estadual pouco ou nada fazem para minimizar os efeitos da violência generalizada. Recife neste ano foi notícia até no Fantástico, quando da ocasião da prévia carnavalesca com Ivete Sangalo em Boa Viagem, onde sobraram garrafadas e feridos, além de uma morte. Pouco foi divulgado, mas, no Galo da Madrugada deste ano, uma gangue espancou um rapaz e o jogou embaixo de um trio elétrico que desfilava, esmagando-o, causando-lhe a morte poucas horas depois de socorrido. Também nesse carnaval cortaram uma pessoa com garrafa quebrada em Olinda. Além de tudo, a cidade apresenta um dos maiores índices de violência contra a mulher registrados no País.

Resta agora saber se ainda é possível restabelecer a ordem pública e se o Estado irá levar mais a sério essa questão. E vamos aguardar os números da violência na Semana Santa!Governantes, não permitam que o Recife deixe de ser a Veneza Brasileira para se tornar a Bagdá Brasileira! Façam alguma coisa que honre os seus cargos!

Fontes consultadas:

Bem-vindos!

É com grande euforia que eu adentro - a partir de hoje - o mundo dos blogueiros, com o propósito de interagir e criar discussões acerca de assuntos diversos, sem restrições! Aqui é o local em que você pode fazer suas queixas e tecer comentários sobre política, sociedade, injusticas, profissão, amores, temores etc.
Enfim, participe! A casa é sua!