sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Fumo

Tenho ficado em casa mais tempo do que de costume, aproveitando as horas livres para ler e reler várias coisas. Certo dia, redescobri a obra polêmica e encantadora de Florbela Espanca, poetisa admirada em todos os cantos do mundo, devido à carga romântica e juvenil de seus poemas, que têm como principal interlocutor o universo masculino. Eu conheci a arte de Florbela através do cantor cearense Raimundo Fagner, que musicou magistralmente os sonetos Fanatismo, Chama quente, Tortura e Fumo (o meu preferido!). Fiquei embevecido com tanta angústia, lascívia e paixão, expressados em versos contundentes.
Em Fumo, a poetisa põe lado a lado o amor e o vício. Há a comparação da pessoa amada com a fumaça, que nos escapa aos dedos, impossível de se segurar. É como se o amor se perdesse antes mesmo de se encontrar. Impressionam-me também as imagens que ela utiliza para retratar a dor da ausência, em versos como: "Longe de ti não há luar nem rosas/ Longe de ti há noites silenciosas/ Há dias sem calor, beirais sem ninhos". Ela compara, nas entrelinhas, sua tristeza ao clima de outono em Portugal: "Os dias são outonos - choram, choram/ Há crisântemos roxos que descoram". Seus pensamentos suplicam o tempo inteiro a presença da pessoa amada: "Meus olhos são dois velhos pobrezinhos, perdidos pelas noites invernosas/ Abertos, sonham mãos cariciosas/ Tuas mãos doces, plenas de carinho". Enfim, são muitas as minhas impressões acerca desse soneto belíssimo, mas prefiro retratar cantando o que sinto:


3 comentários:

Sonhos melodias disse...

Oi Freddy,
Os sonetos e poemas de Florbela são maravilhosos mesmos. Fagner musicou lindamente alguns poemas dela e, mais recentemente, outro cantor fez um CD só com poemas musicados dela e ficou bárbaro. Vale apena conferir:
A Flor de Florbela de Marcos Assumpção.
Abraço
Roseli

Suzana Maranhao disse...

Oi Freddy,
Em novembro do ano passado, escrevi exatamente sobre Fumo no meu blog. Culpa sua, claro, que tinha me apresentado a Florbela na volta daquela maravilhosa viagem.
Bj,

Cristina Flores disse...

Florbela Espanca, mensageira não só das violetas, mas da vida!
Parabéns por lembrar de alguém que jamais deve ser esquecida.