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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O coração na ponta das chuteiras


Uma derrota é sempre uma derrota? Afirmo, categoricamente, que não. Cada perda tem a sua face. Li em um site de notícias que perder lutando dói menos. Não sei se a dor é menor, mas, certamente, fica a convicção de que não foi por covardia que ela se fez.

Foi assim que a medalha de ouro da seleção feminina de futebol transformou-se em prata. A prata mais dourada que já vi porque foi regada pelo suor da perseverança. Se as meninas não chegaram ao lugar mais alto do pódio, tiveram o reconhecimento dos irmãos tupiniquins.

“Verás que um filho teu não foge à luta.” Lamento que os rebentos da seleção masculina não tenham encarnado o espírito guerreiro invocado no hino da nação que deveriam defender. Todavia é a outro senhor que os jogadores servem. O dólar, o euro e o real: a trindade que para eles é a santa.

Amor a camisa. Ah... o amor! Se antes movia nossos soldados no campo sagrado do futebol, hoje,
ele é uma utopia. A inesquecível derrota para a Itália na Copa do Mundo de 82 feriu quase mortalmente uma geração. O lenitivo ficou por conta da garra e do futebol bonito que os combatentes brasileiros demonstraram na ocasião.

Raça que sequer entrou em campo no Mundial de 98 (França) e que passou longe do estádio dos Trabalhadores (Olimpíadas de Pequim 2008). Porém, hoje (21/08/2008), floresceu no mesmo estádio dos Trabalhadores com as guerreiras-meninas brasileiras.

Mostraram a uma nação e aos machistas (que insistem em afirmar que mulher não entende nada de futebol) que aprenderam a jogar com os homens. Isso, nós mulheres, temos que admitir! Mas uma lição foi ensinada e, ao contrário deles, elas não esqueceram. Quando entram em campo tiram o coração do peito e o colocam na ponta das chuteiras.

Valeu, meninas! O ouro é só questão de tempo porque vontade e amor vocês têm de sobra. E quem sabe um dia, os meninos aprenderão com vocês o que os ancestrais deles ensinaram: amor à camisa.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

A violência bate à porta

Somos, diariamente, separados de forma brusca dos entes queridos, amigos, companheiros de trabalho ou de escola. Enfim, pessoas que amamos são extirpadas do nosso convívio sem, ao menos, terem chance de reação. Não é difícil descobrir sobre o que estou escrevendo. Que brasileiro não tem uma triste história de violência para contar?

Infelizmente, muitos de nós conhecemos vítimas de assaltos, seqüestros, balas perdidas, estupros e assassinatos. Vidas são ceifadas por motivos vis. Hoje, dá-se muito valor às coisas materiais. Mata-se por um carro, um celular, um real. Mata-se por tudo. Mata-se por nada.


Antes, ouvíamos comentários de amigos que tiveram amigos assaltados ou que sofreram algum tipo de violência. Hoje, já não são só os amigos dos nossos amigos. São os nossos amigos, os nossos familiares, são pessoas que amamos. A terrível sensação de que a violência bate à nossa porta é real.

Eu sou uma dessas pessoas que, infelizmente, têm histórias tristes para contar. Uma delas, ainda, não consigo acreditar que foi verdade. Parece um pesadelo que nunca terá fim. No dia 1º de janeiro de 2006, perdi um amigo, e de uma forma lastimável. Ele foi assassinado em um crime passional. Um policial covarde atirou contra ele, que não resistiu e morreu. Nunca imaginei perder um amigo tão cedo, ainda mais desse modo. Um jovem que teve seus sonhos interrompidos. Crescemos juntos, estudamos juntos, brincamos tantas vezes... Só me restaram essas doces lembranças e uma grande indignação!

Gostaria de estar escrevendo sobre algo alegre, bonito. Contudo não posso fechar os olhos para a realidade - triste realidade! Nossos políticos ainda tiveram a “brilhante” idéia de reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos. Apenas isso irá resolver? Considero 16 anos uma idade muito avançada! Que tal reduzirmos para dez anos? Essa medida é mais um paliativo. É uma forma que os governantes encontraram para “atender” ao apelo do povo que clama por justiça. Precisamos encarar com mais seriedade esse assunto. Temos leis eficazes, que não são aplicadas como deveriam. Por outro lado, elas têm inúmeras brechas. Temos uma justiça morosa, uma polícia corrompida e somos representados por políticos corruptos, os quais, sozinhos, não chegam onde estão: eles contam com a nossa preciosa ignorância!

Aos políticos o que interessa mesmo é a nossa incapacidade de escolher as pessoas certas. E não estou falando, apenas, daquele humilde cidadão que troca o voto por uma dentadura, um botijão de gás ou uma cesta básica. Falo, sobretudo, dos grandes empresários que investem vultosas quantias nas campanhas eleitorais em troca de milionários favores.

O que podemos esperar desse país que tinha, naturalmente, tudo para ser uma potência mundial e, entretanto, graças à incompetência dos governantes (e por que não dizer da nossa ignorância e passividade), parece fadado ao fracasso. As eleições se aproximam, e eu espero que possamos escolher bem aqueles que irão defender os nossos direitos. Não vamos votar em fulano porque é bonitinho, porque é cômico, porque é artista, porque fala bem... Tenhamos critérios para votar corretamente! É preciso conhecer a vida pública dos candidatos, para não termos que nos envergonhar de ter eleito Clodovil, Frank Aguiar, Paulo Maluf, Roberto Jefferson, Fernando Collor, Renan Calheiros, José Dirceu, etc., e para não nos sentirmos ofendidos com conselhos como o da excelentíssima ministra, Marta Suplicy:
“Relaxa e goza.”