domingo, 7 de outubro de 2007

Santiago Nazarian, a sensação da Bienal do Livro!

Na última sexta feira (05/10), saí correndo desesperadamente do trabalho pra ver se chegava a tempo de assistir à palestra do jovem escritor paulista Santiago Nazarian (um dos meus favoritos dessa novíssima geração) na VI Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, realizada no Centro de Convenções.

Santiago é talvez a figura mais pop da escalação da Bienal deste ano e, por essa razão, o auditório Clarice Lispector estava lotado para assistir à sua bem-humorada palestra com o tema Literatura e Underground. O escritor de 30 anos foi entrevistado pelo poeta Delmo Montenegro, respondeu perguntas da platéia e falou sobre seus 04 romances publicados: Olívio (2003), A Morte sem Nome (2004), Feriado de Mim Mesmo (2005) e o mais genial deles, Mastigando Humanos (2006). Com seu sarcasmo habitual, ele divertiu a platéia e causou frisson ao brincar com a mítica sexual que existe em torno de sua persona pública: "depois da palestra, eu 'atenderei' ao público no box 1 do banheiro masculino. Vou deixar a porta entreaberta". Dentre as surpresas, Nazarian nos adiantou um capítulo inteiro de seu livro inédito (ainda sem título) que tem previsão de lançamento para meados do próximo ano. O romance litorâneo (a história se passa numa praia pouco freqüentada) conta a história de um grupo de rapazes física e psicologicamente atípicos que vêem suas vidas transformadas pela chegada de um professora. Enfim, nas palavras do próprio autor, é uma coisa meio "Branca de Neve e os Sete Anões". Durante o debate, falou-se bastante sobre Mastigando Humanos, seu último livro lançado. A história consiste num romance com toques juvenis, cujo protagonista é um jacaré que vive nos esgotos de São Paulo e é apaixonado por um "sedutor" tonel de óleo. O réptil é amigo de um sapo fumante e de um travesti vendedor de yakissoba, que alimenta o crocodilo quando joga os restos de comida no bueiro. Recheado de personagens esdrúxulos e referências impensáveis, o texto bem-humorado e fascinante contém ideais filosóficos, contestação adolescente, humor, carga dramática, lirismo pop e sutis toques góticos. Na verdade, o personagem central - o jacaré que quer comer gente - pode ser personificado na figura de um jovem adolescente, virgem, existencialista, que ainda não encontrou seu rumo e está em busca de descobertas de si mesmo e do mundo.


Ao findar a palestra, Santiago Nazarian autografou livros e tirou fotos com os fãs, e eu fui um deles!
(Detalhe: ele não é tão alto assim! Estava em cima de um degrau)

Santiago Nazarian é (depois do"fenômeno" Bruna Surfistinha) o escritor entre os 20 e 30 anos que mais vende livros do Brasil. Cabe uma ressalva: ao contrário da famigerada "Surfistinha", ele é bastante talentoso, escreve muito bem e sabe compor personagens como há muito não se via na Literatura Brasileira. Tornou-se nacionalmente conhecido a partir do lançamento do livro Feriado de mim mesmo. Nesta época, concedeu, inclusive, entrevista no Programa do Jô Soares. Enquanto alguns classificam sua obra simplesmente como adolescente, outros o vêem como a mais grata surpresa da literatura brasileira dos últimos anos. O fato é que seu estilo fascinante, dotado de uma roupagem pop, contém o ímpeto advindo da jovialidade e versatilidade de quem já passou por várias profissões atípicas: ele já foi barman de pub punk em Londres, compositor de jingles, professor de inglês, redator de histórias de disque-sexo e de horóscopo. Além disso - visto que no Brasil não dá pra viver somente se literatura - ele faz legendas de filmes e traduz livros para o Português, como é o caso das obras Maldito Coração, de J.T.Leroy, e Fan-Tan, de Marlon Brando.

A VI Bienal Internacional do Livro de Pernambuco segue até o domingo (14/10) no Centro de Convenções (Olinda-PE).

Obs.: querida Claúdia Campelo, eu devo essa matéria a você que me avisou da referida palestra. Amiga, tenha meus sinceros agradecimentos!

Um comentário:

Anônimo disse...

Freddy, cada vez mais você me surpreende! Adoro esse seu blog! Também sou leitora do Santiago Nazarian! Só que meu livro predileto é "Feriado de mim mesmo". Que privílégio seu poder assistir uma palestra dele (e ainda tirar uma foto). Olha, admiro muito sua escrita, seus comentários sempre pertinentes e seu bom gosto na escolha das materias. E haja Café Cultural!