Era um ritual simples. Antes de mais nada, existia o prazer de ver a capa e tocá-la. Foi-se o tempo em que se tocava na música. Você tirava o disco da capa, colocava-o com delicadeza no prato da vitrola, pegava a pequena alavanca do braço (ou pick-up), virava para o lado que queria (78 ou 33 e 45 rpm) e deixava pousar sobre o bolachão. Aquele chiado inicial antes de começar a canção é inclusive usado como sonoridade em músicas até hoje.
Música, literatura, jornalismo, cinema, opinião, variedades, confissões e devaneios...
segunda-feira, 28 de abril de 2008
A ressurreição do disco de vinil na era de download e pirataria
Era um ritual simples. Antes de mais nada, existia o prazer de ver a capa e tocá-la. Foi-se o tempo em que se tocava na música. Você tirava o disco da capa, colocava-o com delicadeza no prato da vitrola, pegava a pequena alavanca do braço (ou pick-up), virava para o lado que queria (78 ou 33 e 45 rpm) e deixava pousar sobre o bolachão. Aquele chiado inicial antes de começar a canção é inclusive usado como sonoridade em músicas até hoje.
domingo, 27 de abril de 2008
Hip Hop e a música com sabor de rapadura
No novo disco, Madonna continua focada no clima club e acende as raízes do passado que mandam sinais de fumaça da vida urbana em Detroit e do começo em Nova Ioque para uma noite habitada pela batida hip hop em parcerias com artistas como Timbaland, Justin Timberlake, Pharrell Williams (do Neptunes) e Nate "Danja" Hills. Todo mundo esperava que ela transformasse o hip hop para não parecer com as outras cantoras pop que descambaram por esse lado como Nelly Furtado. Com esta, para não mentir ou omitir, há uma farpa de parentesco nos maneirismos vocais e arranjos de “Heartbeat”, nada que comprometa a originalidade do disco na obra de Madonna ou que dê cabimento para é “mais-do-mesmo”. Não há uma transformação. Há uma reafirmação do casamento pop-hip-hop e o disco não parece nada com a concorrência.
É uma miscelânea de elementos que estão custando caro aos ouvidos apressados. Se “Confessions...” mantinha uma unidade sonora do início ao fim e é o que se espera dos discos para taxá-lo de bom, as canções de “Hard Candy” bebem da hibridez que distancia uma faixa da outra e confunde o ouvinte. Com disco music, electro, vocoders, muito sintetizador e bateria programada as músicas não se comunicam, mas também não se trumbicam.
2. "4 Minutes" - escrita por Madonna e Justin Timberlake, produzida por Timbaland, com vocais adicionais de Justin Timberlake, é o primeiro single do disco e passa longe de ser a melhor faixa. Traz aquele pancadão funk e é a mais hip-hop de todas.
domingo, 20 de abril de 2008
Para um amor no Recife (parte final).
Abri espaço no meu peito para que você surgisse, sem pressa, sem culpa, sem crises, sem pudores... Na minha mente estúpida de romântico inveterado, acreditei que finalmente a felicidade tinha chegado a mim, dando-se assim na forma de uma paixão avassaladora que poderia ter se convertido em amor, com o tempo! Agora faço minhas as palavras de Renato Russo, quando ele diz: "A felicidade é uma mentira. E a mentira é salvação".
Era uma situação nova, distinta para mim, e eu me esforcei para que as coisas dessem certo, apesar das adversidades inerentes às nossas rotinas! No entanto, quando penso que tudo são flores, você quebra o encanto da maneira mais vil e indelicada... E sequer teve a coragem de direcionar seus olhos verdes aos meus para eu ter certeza de que eles diziam a verdade. Não! Aquilo não poderia estar acontecendo... Não em se tratando de você! Mas aconteceu! E não há como esquecer o que já se fez! É difícil esquecer sua figura transtornada, como se outra alma tivesse tomado conta de seu corpo para destruir tudo de belo que estava sendo construído... Mas não era outra alma coisa nenhuma: era sua personalidade mesmo! Você é assim, e nada posso fazer quanto a isso!
Dessa vez não vou chorar. Não quero nem posso fazê-lo, pois não vale à pena o desgaste. Em meus 26 anos de vida, descubro a importância das decepções para a obtenção contínua da experiência, embora a minha maquineta da resignação não funcione adequadamente e me leve a maldizer os dissabores, como se eles fossem de todo ruins! Mas agora, ao invés de derramar meu pranto, vou rir meu riso!!! E para findar, desejo apenas uma coisa a quem não me amou: saiba amar alguém verdadeiramente um dia! E muito obrigado pelo aprendizado!
Gostaria de agradecer a todas as pessoas queridas, que estão comigo e não me deixam ficar sozinho! A vida segue... e a fila anda!
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Simone e Zélia Duncan juntas em CD e DVD ao vivo!
E não poderia faltar no repertório a sempre criativa compositora Sueli Costa, representada na lúbrica canção "Medo de amar nº 2" - é impossível se esquecer da gravação original desta pérola, incluída no clássico LP "Cigarra", de 1978, em que Simone, com voz sensual, quase sussurrada, entoa os lascivos versos: "Você me deixa um pouco tonta, assim meio maluca/ Quando me conta essas tolices e segredos/ E me beija na testa, e me morde na boca, e me lambe na nuca.../ Você me deixa surda e cega/ Você me desgoverna quando me pega assim nos flancos e nas pernas, como fosse meu dono... ou então meu amigo, ou senão meu escravo/ E eu sinto o corpo mole, e eu quase que faleço quando você me bole, bole... mexe, mexe/ E me bate na cara, e me dobra os joelhos... e me vira a cabeça!/ Mas eu não sei se quero ou se não quero esse insensato amor, que eu desconheço, e que nem sei se é falso ou se é sincero/ Que me despe e me vira pelo avesso(...)".
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Sangue, mistério e arte.
Sweeney Tood - O barbeiro demoníaco da Rua Fleet
Histórias fantásticas com temática sombria sempre foram o forte do diretor de cinema, Tim Burton, que lançou recentemente o musical "Sweeney Todd: o barbeiro demoníaco da Rua Fleet", estrelado por Johnny Depp, ator quase onipresente nos filmes do diretor, e Helena Bohan-Carter, talentosa atriz, esposa de Burton.
A trama de Sweeney Todd - que muitos dizem ser verdadeira - originou-se do romance "The string of pearls" e conta a saga de Benjamin Barker, nascido e crescido na Londres do século XVIII, empestada por doenças, poluição, pobreza e corrupção. Foi aprendiz de barbeiro, teve noções de anatomia e de como assaltar com mão leve os bolsos dos clientes. Após sair da cadeia, abriu uma loja na Rua Fleet e se casou com uma linda jovem, que atraiu a cobiça do juiz da cidade (vivido no filme por Alan Rickman). O casal cai numa cilada da Justiça e é separado. Benjamin Barker (Johnny Depp) fica numa prisão na Austrália durante 15 anos. A esposa dele morre envenenada, dizem, e sua filha passa a ser criada e protegida pelo juiz, que a mantém em cárcere privado. Após cumprir pena, o barbeiro volta à Europa, com o nome de Sweeney Todd, em busca de vingança. Nasce, dessa forma, a lenda.
Os crimes da Rua do Arvoredo
No Brasil também houve um caso escabroso e real que guarda algumas semelhanças com a história de Sweeney Todd: em 18 de abril de 1864, a polícia de Porto Alegre deparou-se com uma cena de crime horripilante: no porão da casa de José Ramos e Catharina Palse, na Rua dos Arvoredos, estavam enterrados os pedaços de um corpo humano, já em avançado estado de decomposição. O cadáver havia sido retalhado, com a cabeça e membros do tronco, e este, por sua vez, repartido em vários pedaços. A vítima havia sido identificada: era o alemão Carlos Claussner, dono de um açougue na Rua da Ponte. Ao examinar um poço desativado na casa, a polícia encontrou vários outros corpos esquartejados. A motivação dos crimes era evidente : Ramos e Palse mataram para se apossar dos bens de suas vítimas. Os crimes causaram repugnância, especialmente depois que uma série de boatos davam conta de que o casal assassino fazia lingüiça com a carne das vítimas e vendia o produto num movimentado açougue de Porto Alegre. Detalhe: as lingüiças tinham boa aceitação entre os consumidores. A polêmica sobre a veracidade da lingüiça de carne humana até hoje divide os gaúchos, embora esse fato jamais tenha sido mencionado nos autos dos processos existentes. A difusão da lenda justifica-se na assertiva de que a cidade de Porto Alegre era uma verdadeira Babel de imigrantes de diferentes nacionalidades e culturas, ou seja, um ambiente propício à criação de lendas e histórias fantásticas.
Perfil dos assassinos:
José Ramos (autor dos crimes)Ramos era ex-soldado da Polícia, gostava de música, freqüentava o recém-inaugurado Theatro São Pedro e andava bem vestido. Enfim, era, como se dizia na época, um boa-vida. Aproximava-se de suas vítimas com desfaçatez. Apresentava-se como amigo e sempre oferecia alguma vantagem, para atrair a vítima à morte.
Depois de matá-la, apropriava-se de seus bens. Era extremamente cruel, pois matava as vítimas com golpes de machado na cabeça, as degolava e esquartejava, antes de sepultar seus corpos. Era mistura de serial killer, cínico, descarado e mentiroso.
interpretando o assassino José Ramos
Catharina Palse (cúmplice)
A húngara amásia e cúmplice de José Ramos era uma mulher de grande beleza. Atraía as vítimas para a tal casa-açougue, para que fossem mortas por José Ramos, esquartejadas e, com a carne, eram fabricadas as lingüiças, que eram vendidas no comércio da cidade (nota-se aí a semelhança dos assassinos José Ramos e Catharina com os respectivos personagens de Johhny Depp e Helena Bohan Carter no filme Sweeney Todd).
Natália Laje no papel de Catharina Palse,
cúmplice de José Ramos nos crimes
Arquivo nacional
O processo dos crimes da Rua do Arvoredo encontra-se hoje guardado no Arquivo Nacional (RJ), apesar da crença generalizada no sumiço dos papéis. Segundo o historiador Décio Freitas, autor do livro O maior crime da Terra (Editora Sulina, 1998), o processos estão incompletos, são todos manuscritos e de difícil compreensão, o que torna a investigação do texto uma tarefa árdua. Portanto, jamais se saberá se a história é completamente verdadeira, pois somente as folhas faltantes nos autos é que poderiam dar algum indício sobre a veracidade das tais lingüiças ou não.
Fontes pesquisadas:
Livros:
- COIMBRA, David. Canibais, paixão e morte na Rua do Arvoredo. C.L&PM Pocket, 2005;
Internet:
- Site da Rede Globo/Linha Direta:
http://redeglobo.globo.com/Linhadireta/0,26665,GIJ0-5257-226046,00.html (acessado pela última vez em 15/04/2008).- Wikipédia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Crimes_da_Rua_do_Arvoredo (acessado pela última vez em 15/04/2008).
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Nos beijamos demais
Alta noite! Trancado estou em meu quarto. O vento frio adentra o ambiente pela janela. Ninguém lá fora... O mundo dorme e eu continuo acordado... Ouço apenas o barulho da chuva que cai incessantemente. Ponho uma canção do Jorge Vercillo pra tocar e acendo um incenso. Em poucos segundos, o cheiro de cravo da Índia começa a exalar e a tomar conta de mim... E eu fico inebriado... Aquela canção gostosa me invade os ouvidos: - Breve coração, tens um eterno ardor que me inunda a alma de emoção (...). Desfaleço-me sobre a cama, já despido das roupas e dos problemas. Como é doce viver para me recordar de que há poucos instantes eu tive o meu amor nos braços... Nós nos beijamos demais, entregues ao desejo arrebatador... Ai, a sua pele em brasa a me chamuscar, a esgrima de língua, a face roçando a minha, o torso, o gosto do suor, as pernas entrecruzadas e a indizível sensação de sua boca de maçã a percorrer e a beijar cada pedaço do meu corpo... Todos os sentidos direcionados à libido, à busca do êxtase puro.
Ah, indelével ânsia de amar, por que caminhas lado a lado comigo? Por que não me deixas? Não sei explicar a razão nem quero! Já estou irremediavelmente louco, embriagado de amor...