Estou praticamente recluso por uns dias em Itapetim, pequena cidade do interior de Pernambuco, sertão do Pajeú, onde estão fincadas minhas origens. Longe de comunicações via celular e da agitação de Recife, busco a paz de espírito e o equilíbrio emocional. Espero também alegrar meu coração com os festejos juninos, que começam na próxima semana. A receptividade dos moradores daqui é impressionante e faz com que a pessoa se sinta de fato abraçada, abrigada. O tempo aqui está bastante frio, e mesmo durante o dia a temperatura é bem agradável. O silêncio dessas horas calmas me torna reflexivo acerca de muitas coisas as quais vivenciei nos últimos meses, e que deixaram marcas profundas e feridas abertas em meu peito. Dessa forma, resolvi convidar minhas tristezas e mazelas emocionais para um chá da tarde comigo, pois encarar certas questões de frente é melhor que fugir delas. A experiência de meus últimos dissabores me leva a acreditar que mais vale ser altruísta que egocêntrico, embora seja muito difícil praticar esse querer despretensioso, em que se dá amor sem exigir recíproca. "Que prazer mais egoísta o de cuidar de um outro ser, mesmo se dando mais do que se tem pra receber". Os dias passados foram um verdadeiro exercício de paciência, no qual tive de conviver com egoísmo, vaidade, infantilidade, histerismo e desequilíbrio psicológico. Tentei ainda persistir nessa relação absurda, porque eu sou "todo amor", e meu sentimento, por ser verdadeiro, nutria-me de esperanças de que tudo iria ficar bem. No entanto, sei que foi mais acertado ficar afastado de tudo isso, embora o vazio machuque ainda o meu peito, pois esse convívio estava substraindo a energia positiva que existe em meu ser atuante, vibrante, pulsante... E as pessoas têm que somar algo de bom e construtivo às nossas vidas - caso contrário, é melhor que estejam bem longe de nós! Apesar de o amor nos levar a fazer concessões e romper alguns limites, não é saudável abrir mão de alguns princípios que nos norteiam e denotam nossa personalidade. Não vou mentir pra mim, fingindo ser alguém que não sou. Gosto de gente bonita, feliz, inteligente e de bem com a vida! Sei que todos têm problemas - e alguns muito difíceis de administrar -, mas não tenho paciência para ouvir lamúrias o tempo inteiro. É muito fácil reclamar de tudo e de todos sem sequer mover uma palha para mudar a situação! É preciso entender que a atitude é que destrói a barreira existente entre a mediocridade e o êxito em nossas vidas. "Eu não sou de olhar o que passou nem lamentar o que se foi - sou de criar o que será". Espero que os erros e acertos me dêem a experiência necessária à construção de uma nova história, sempre! "Só nos cabe a dor frente a evolução". Eu quero, posso e mereço ser feliz com o que sou e o que tenho, e só desejo uma coisa a quem não me amou: saiba amar alguém um dia!
Enquanto me recupero de todo o mal que me foi causado, faço da música a minha companheira e da literatura o meu porto seguro. Estou cada vez mais embevecido com a música do Jorge Vercillo e com descoberta (tardia, porém compensadora) da maravilhosa poesia de Bruna Lombardi (a quem eu dedicarei com maior prazer uma matéria inteira, dentro em breve).