O Recife tem ocupado o desconfortável e vergonhoso primeiro lugar no ranking das capitais brasileiras mais violentas, de acordo com um estudo elaborado pela Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), com apoio do Ministério da Saúde, com base em dados de 1994 a 2004. A cidade apresenta registro de 91,2 pessoas mortas para cada 100 mil habitantes, índice comparável ao de Medelín (reduto do narcotráfico na Colômbia) no início dos anos 90. No entanto, a referida cidade colombiana - que já foi considerada a mais violenta do mundo - tem conseguido, ao longo da última década, reduzir drasticamente a violência urbana através de programas de inclusão social, aliados a uma arrojada política de segurança pública e maior presença do estado em áreas de conflito. Hoje, Medelín ostenta a taxa total de homicídios de 34 por 100 mil habitantes, o que é animador, se comparado com o registro de duas décadas atrás, que era mais de três vezes o atual.
Como podemos manter a calma e a resignação quando vimos a nossa polícia ser totalmente desmoralizada por bandidos? No último dia 05/04, no bairro de Boa Viagem, assaltantes espancaram um policial militar em um posto policial móvel e o deixaram apenas de cueca, e depois fugiram, não sem antes levar toda munição e armamento existentes no local. Antes, eles já haviam passado de carro pelos outros dois policiais que faziam a ronda e tinham desejado "bom trabalho". Esse é o irônico retrato do quanto a segurança pública do Recife tem sido destituída de credibilidade. Nessa cidade, não se pode mais andar tranqüilo com um aparellho celular, mesmo que escondido, ou ainda com um tênis de design mais arrojado ou com qualquer objeto que possa ser atrativo para os ladrões. A orla de Boa Viagem (ao contrário da de Tambaú em João Pessoa-PB) é completamente deserta e obscura à noite, e pisar lá a pé nesse horário é certeza de assalto. Bairros como Santo Amaro, Ilha do Leite e Cidade Universitária - que são pólos de cultura, saúde e educação - amedrontam a partir das seis da tarde, quando não se vê um "pé de pessoa" na rua, quicá um efetivo policial.
Recentemente, uma estudante de pré-vestibular foi estuprada debaixo do viaduto em frente à reitoria da UFPE, em Cidade Universitária, e não há policiamento no local. Na área do Bongi, próxima à praça da CHESF há recorrentes assaltos, principalmente a funcionários da empresa, por maus-elementos que ficam rondando o local o tempo inteiro em bicicletas. Na zona norte do Recife, em bairros nobres como Espinheiro, Casa Forte, Tamarineira, Rosarinho, Parnamirim e Graças, é difícil parar à noite em frente a casa para estacionar sem que haja o perigo de assalto, e é praticamente desaconselhável transitar a pé por esses bairros nesse horário. Enfim, Recife hoje é uma cidade que não inspira tranqüilidade, e a prefeitura e o governo estadual pouco ou nada fazem para minimizar os efeitos da violência generalizada. Recife neste ano foi notícia até no Fantástico, quando da ocasião da prévia carnavalesca com Ivete Sangalo em Boa Viagem, onde sobraram garrafadas e feridos, além de uma morte. Pouco foi divulgado, mas, no Galo da Madrugada deste ano, uma gangue espancou um rapaz e o jogou embaixo de um trio elétrico que desfilava, esmagando-o, causando-lhe a morte poucas horas depois de socorrido. Também nesse carnaval cortaram uma pessoa com garrafa quebrada em Olinda. Além de tudo, a cidade apresenta um dos maiores índices de violência contra a mulher registrados no País.
Resta agora saber se ainda é possível restabelecer a ordem pública e se o Estado irá levar mais a sério essa questão. E vamos aguardar os números da violência na Semana Santa!Governantes, não permitam que o Recife deixe de ser a Veneza Brasileira para se tornar a Bagdá Brasileira! Façam alguma coisa que honre os seus cargos!
Fontes consultadas:
http://www.jconline.com.br/ (ed. 27/02/07 e 07/04/2007)http://www.coav.org.br/http://www.planalto.gov.br/
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