domingo, 13 de maio de 2007

"A ESCRAVIDÃO PERMANECERÁ POR MUITO TEMPO COMO A CARACTERÍSTICA NACIONAL DO BRASIL".

Neste domingo, lembramos a assinatura da Lei Áurea (de 13 de maio de 1888), a qual punha fim ao regime escravista (expressão maior da ignorância da sociedade brasileira), que perdurou por aproximadamente três séculos.

A Abolição da Escravatura "desacatou" os fazendeiros, que exigiram indenizações pela perda de seus "bens". Como não conseguiram, voltaram-se contra o Império e aderiram aos movimentos republicanos. O fim da escravidão, contudo, não melhorou a condição social e econômica do negro, o qual, à época, sem formação alguma, não conseguiu sua cidadania e ascensão social.

Hoje, passados 119 anos, as coisas já mudaram consideravelmente, mas os negros ainda sofrem preconceitos de toda espécie. Os efeitos da discriminação racial podem ser vistos, por exemplo, no mercado de trabalho, onde o negro ainda encontra - apesar de capacitado - dificuldades de arranjar emprego e de obter salários justos (geralmente, estes são inferiores aos dos brancos). As cotas de vagas para negros nas universidades são outro exemplo de política discriminatória, em que ocorre uma inclusão social às avessas: colocam-se os estudantes de "pele escura" na graduação através de critérios que fogem à capacitação para tal, justamente porque não foi dada a essa massa a chance de adquirir e burilar o aprendizado desde a base do ensino. Esses estudantes negros que adentraram a faculdade através de cotas, sofrem, em sua maioria, certamente, dificuldades de acompanhamento do ensino, se comparados aos seus colegas que tiveram bases educacionais bem estruturadas. Isso pode ser mais um pressuposto para a discriminação.

Há um texto de Joaquim Nabuco que retrata com bastante propriedade essa questão da realidade do negro no Brasil:

"A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil. Ela espalhou por nossas vastas solidões uma grande suavidade; seu contato foi a primeira forma que recebeu a natureza virgem do país, e foi a que ele guardou; ela povoou-o como se fosse uma religião natural e viva, com os seus mitos, suas legendas, seus encantamentos; insuflou-lhe sua alma infantil, suas tristezas sem pesar, suas lágrimas sem amargor, seu silêncio sem concentração, suas alegrias sem causa, sua felicidade sem dia seguinte... É ela o suspiro indefinível que exalam ao luar as nossas noites do norte".

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