terça-feira, 31 de março de 2009

A poesia lúbrica de Bruna Lombardi.

"Quero dormir com você ou pelo menos te dar um beijo na boca. O meu amor não tem pudor, nem acanhamento. Não tem paciência, não aguenta mais a urgência do desejo..."
(Bruna Lombardi)

Certo dia, estava eu na Internet, navegando sem leme, ao léu dos ventos e das correntes de minha solidão infinda, em busca de uma palavra poética que desse alento ao meu coração. Tamanha a minha surpresa, deparo-me com a mais pura poesia lúbrica advinda da bela atriz, modelo e escritora BRUNA LOMBARDI. Demasiadamente embevecido com a intensa carga de loucura, desejo, despudor, chama e paixão contida em seus versos, fico incrédulo ao imaginar como é possível essa mulher linda, talentosa e de incrível sensibilidade ser mais reconhecida e lembrada pelas novelas em que atuou do que pelo seu legado poético.
Bruna lançou 03 livros de poesia, entre 1976 e 1984. São eles: No ritmo desta festa, Gaia e O perigo do dragão, respectivamente. Desses, infelizmente, apenas o último encontra-se em catálogo.
Eis uma mostra de sua obra poética:

A viagem da paixão

Tenho os caprichos inerentes à natureza da mulher
abro a caixa de pandora que eu quiser
e lanço mão de todo mal e todo bem
avanço a passos largos
alcanço o ponto extremo e vou além
onde se estende a palpitação das células
e se prolongam feixes de neurônios
onde se nasce, morre e se enlouquece
intima de deuses e demônios.
Onde habitam as feras, os espítiros das florestas
onde se determina a primavera
e se marcam as nossas testas.
Onde se aprende a sabedoria do fogo
e todas as forças de atração
e se descobre o ponto que orienta
esse mapa de navegação.
Estrela solitária, asteróide desgarrado
luz que aponta o caminho
da viagem da paixão.


Jardim das delícias
Procuro em mim um homem sem moral
que me deixe arisca e me deite de costas
mandando coisas.
O oculto da paixão tem mais sabor que
pitanga roubada
e minha alma dissoluta, dissimulada
mistura ao vinho uma idéia de me jogar
em lençóis de linho
ou no mar.

Ah, eu queria saber de cor o nome das estrelas
todas as constelações e tudo
que de mistério carrega o ser humano
a face das pessoas, a inconfessável
a dimensão da atmosfera e o ponto exato
onde tudo se desintegra
Quero conhecer o sentido da vida
a essência do voo e a geografia.
Cio

Quero dormir com você ou pelo menos
te dar um beijo na boca
o meu amor não tem pudor, nem acanhamento
não tem paciência, não aguenta mais
a urgência do desejo
e eu te olho, te olho, te olho
como se dissesse.

Penso, ele há de perceber, me encosto um pouco
espero um gesto, um sinal, uma atitude
que eu possa interpretar como resposta
uma indicação
mas você é um homem sério e continua
se escondendo atrás dessas teorias
e nem te brilha no olho uma faísca de tentação.
ai, que aflição
pensar no que eu faria
se pudesse

desejo que não acontece
fica parado no peito
ai, vira obsessão.


Baixo ventre

eu não aguentava mais de amor por você
tava ardendo de vontade de você
você há de me querer
há de tentar, se atrever
mesmo se for um delito, se for errado
maldito, amaldiçoado
mesmo que o céu nos castigue
com um eterno eclipse
e venha o caos, satã, o fim de tudo
e a gente seja culpado
porque não soube resistir à tentação
eu não quero me livrar desse pecado
e me salvo através dessa paixão.


Alta tensão

eu gosto dos venenos mais lentos
dos cafés mais amargos
das bebidas mais fortes
e tenho
apetites vorazes
uns rapazes
que vejo
passar
eu sonho
os delírios mais soltos
e os gestos mais loucos
que há
e sinto
uns desejos vulgares
navegar por uns mares
de lá
você pode me empurrar pro precipício
não me importo com isso
eu adoro voar.



Sinistro
Inclua no seu amor um pouco de desespero
derrame seu potencial de drama nos tapetes
ponha sal nas frutas ácidas
tente um pouco de champagne no sapato
esparrame de preguiça pelos linhos
no espalhafatoso desleixo dos lençóis
use olhos cristalizados, cintilantes
com faíscas no meio das plumagens
aprenda a cantar e a cabriolar um pouco
a dança elástica de uma enguia
se esfregue nas nervuras, descubra trunfos
muito escorregadia
Saiba o zodíaco chinês e as manchas do demônio
conhecedora de alquimias
deguste seus horrores em rituais estranhos
Seja uma ameaça
Dê telefonemas interurbanos em meio à noite
a Angkor, Himalaia, Terra do Fogo
Estilhace as regras desse jogo
que um pouco de maldade é necessária
Libidinosa sempre entre parênteses
esguiche todo esse seu som de dentro
ensopada de paixão e de água fria
leviana até a última mordida
Esquiva como uma taturana
penetrando no gargalo da garrafa
estenda suas estrias até o limite da suspeita
pois não há nada como um crime atrás do outro.

Jorge Vercillo lança "Trem da minha vida"

O cantor Jorge Vercillo acaba de lançar seu mais novo trabalho, o DVD Trem da minha vida, registro de show gravado nos dias 31 de outubro e 01 de novembro de 2008 no Canecão. O repertório é pautado, em sua maior parte, pelas canções do último disco, "Todos nós somos um", além de alguns sucessos de carreira e a faixa-título, inédita, um reggae composto por Vercillo em homenagem à mãe dele. As canções antigas apresentam uma nova roupagem, com destaque para Signo de ar, permeada de belos arranjos que propiciam um delicioso clima lounge (palavra inglesa que significa lugar de descanso, leveza). Homem-Aranha foi totalmente reformulada e recebeu elementos jazzísticos. A onipresente Monalisa tornou-se uma salsa. Final feliz ganhou uma levada mais soul. O tão batido hit radiofônico Que nem maré mostra-se de fato dispensável no novo trabalho, e poderia ter sido substituído por alguma de tantas boas músicas que Vercillo possui. Um dos pontos altos do DVD é o momento em que Jorge canta a pungente Devaneio, com introdução de Tenderly (Walter L. Gross/Jack Lawrence), um dos mais lindos e regravados standards da história da música popular. Vercillo já tem uma certa familiariadade com os standards de jazz: ele gravou em 1995, especialmente para a trilha da novela Cara e Coroa, o clássico Secret Love (Sammy Fain/Paul F. Webster), que virou Um segredo e um amor, em versão feita por Dudu Falcão).

O DVD contou com participações especiais de Serginho Moah, vocalista do grupo Papas da Língua, na canção São Jorges (parceria de Vercillo com Jorge Aragão, pinçada do repertório do projeto Coisa de Jorge); Jota Maranhão no samba Filosofia de amor (Jota é antigo parceiro musical de Jorge e co-autor da primeira canção de sucesso do cantor, Encontro das águas, originalmente lançada em 1993, mas que também reaparece no novo DVD, com um ótimo solo do contrabaixista André Neiva); por fim, a melhor das participações, Dudu Falcão, autor de melodias marcantes com letras densas, que faz um número de voz e violão com Jorge Vercillo entoando Coisas que eu sei, que foi sucesso na voz da cantora Dani Carlos. O pernambucano Dudu é parceiro de Jorge em outras composições, tais como Melhor lugar e Deve ser, também presentes no DVD.

As belas canções Voo cego e Ela une todas as coisas, ambas do último disco, constituem também extraordinários momentos do show. Outro grande destaque é Toda espera, que originalmente estava fora do script e acabou voltando com força total no DVD. Na ocasião, o bis do show, Vercillo surpreendeu-se com os pedidos incessantes do público, que cantava em coro essa música. Dessa forma, o cantor resolveu atender os clamores dos fãs e a dita canção acabou se tornando um dos carros-chefes do novo trabalho. Tudo isso é mostrado nos extras do DVD, que ainda exibe cenas de Vercillo no sossego do lar, relembrando antigos sucessos ao violão, em companhia de seus dois filhos e da esposa.

domingo, 8 de março de 2009

Mulheres...

O Café Cultural relembra a passagem do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, data que marca a contínua luta das mulheres - que atualmente somam mais da metade da população mundial - pelo reconhecimento de seus direitos em todos os âmbitos: familiar, institucional, político, cultural e econômico.

Brooke Shields

*Tu és mulher
Tu és um ser
Que pode ser mais do que é
Um passarinho, fruta qualquer
Pode ser doce
O fel até

Pode não ser como quiser
Mas serás a guerra e a paz
Serás o bem e não será demais
O mal me quer
Ser se quiseres




Pois as mulheres são tão iguais
À natureza e aos rapazes
Que tudo fazem ou nada fazem
Senão viver como capazes
De fazer, de acontecer
De adormecer quando chover
Ou de morrer de um amor comum
Que qualquer um pode querer





Lúcia Veríssimo



Camila Pitanga


Pode levar na bandeja/A cabeça de um cristão/ Pode servir ou vir a ser/ O seu próprio sim ou não.



*Os versos supracitados são da canção Mulher, de Raimundo Fagner e Capinam. Essa música foi incluida num magistral disco de Fagner, intitulado "Beleza", de 1979.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Mensagem aos leitores.

Prezados leitores,

Mais uma vez as atividades rotineiras têm-me deixado desprovido de tempo para atualizar frequentemente o Café Cultural - fato que me entristece, pois sempre tive a exacerbada preocupação em apresentar textos novos, interessantes, atrativos e que atendam devidamente o padrão de qualidade ao qual estamos acostumados desde a criação do blog, há quase dois anos. Dessa forma, prefiro os longos hiatos entre uma postagem e outra à inserção não criteriosa de textos que possam fugir do nosso nível de exigência e desvelo.

Tenho atravessado uma fase bastante conturbada em vários âmbitos da minha vida, mas posso assegurar a vocês que as adversidades têm-me causado um certo embaraço, mas ainda não conseguiram arruinar minha inspiração para escrever. Acredito que o tempo se encarrega de colocar cada coisa em seu devido lugar, e que toda nuvem negra é passageira. Meu desencorajamento de hoje pode ser convertido em força e atividade intensa amanhã.

Preparei, com muito afinco, novas postagens que serão publicadas em breve, tão logo eu as revise. Meu propósito é que vocês retomem o prazer de visitar este espaço criado para a profusão de ideias, sugestões e comentários acerca de temas ligados a arte e sentimento.

Boa leitura!

Freddy Simões
Editor-chefe do blog