sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Assédio moral no trabalho.


A questão do assédio moral é tão antiga quanto o próprio trabalho, mas agora vem recebendo um destaque maior na mídia, nos meios jurídicos e políticos, em virtude da crescente necessidade de humanização das relações de trabalho. O assédio moral no trabalho está diretamente ligado a um processo de humilhação, capaz de gerar dor, tristeza e sofrimento psíquico. Muitas vezes, ele é mascarado sob a forma de brincadeira inofensiva que se repete de maneira insidiosa, com o propósito de acuar o indivíduo e deixá-lo numa situação de inferioridade diante do chefe, do encarregado ou de colegas agressores, criando na vítima sérios distúrbios de ordem emocional e até mesmo física. O assédio moral é gerador de cansaço que pode levar a um processo de "burn out" (exaustão máxima), demotivação, revolta, sentimento de nulidade e depressão, graças à desestabilização da relação do funcionário com o seu trabalho.

É comum que em um grupo de trabalho haja um certo nível de competitividade e surjam conflitos, mas também é importante que as pessoas saibam aceitar alguns limites , a fim de que se possa haver mais conciliação e tolerância dentro da equipe. Comentários deselegantes e palavras mordazes mexem bastante com as emoções das pessoas, mas podem ser considerados insignificantes e esquecidos sem maiores traumas, caso tenham sido feitos em momento de irritação e, principalmente, se houver em seguida um pedido de desculpas. No entanto, é preocupante quando as diferenças no grupo persistem e as cenas de humilhação e agressão se repetem sem que haja qualquer tentativa no sentido de apaziguá-las. Por outro lado, há aquelas pessoas que se deixam ficar à mercê do agressor, em ambiente hostil, e não se manifestam nem se defendem, por submissão ou medo de perder o emprego.

As vítimas mais freqüentes do assédio moral geralmente não são maus funcionários - como afirmam os agressores em suas defesas -, mas empregados dedicados, assíduos e com postura crítica. E isso assusta muito o "superior" inseguro, que tem medo de ter a sua autoridade contestada, e passa a manter uma postura agressiva, com o propósito de instituir respeito "na base do grito", quando, na verdade, consegue impor nada mais que o medo nos subalternos.


Reconhece-se o assédio moral quando o chefe:

- só fala gritando com o trabalhador;
- estabelece metas impossíveis de se atingir;

- sobrecarrega o funcionário, atribuindo a ele mil tarefas simultaneamente, e a maioria delas inúteis ou degradantes;
- torna o trabalhador alvo de chacotas e piadas e passa a chamá-lo por um apelido ridículo;

- faz acusações ou suspeitas de furtos;
- duvida da autenticidade dos seus atestados médicos;
- zomba de sua aparência física;
- deixa de fornecer materiais e instrumentos de trabalho (retirada do telefone ou do computador, por exemplo);
- ignora sua presença e só se dirige aos demais colegas, passando à vítima a impressão de que ela é insignificante e descartável;

- registra quantas vezes o funcionário vai ao banheiro, controlando seus movimentos;

- sugere ao trabalhador que peça demissão; e muitas outras situações humilhantes.


Como se defender do assédio moral?

O assédio moral é uma agressão difícil de se provar na justiça, e o ônus da prova imcube a quem alega, ou seja, à vítima. O agressor, naturalmente, nega a realidade da violência, e as testemunhas - geralmente colegas de trabalho que se relacionam diretamente com o assediador - não querem interferir porquem temem represálias e até mesmo demissão.

Cabe ao trabalhador ficar atento e reagir de forma organizada e não passional, o mais cedo possível, antes de adoecer ou perder o emprego. Outra medida importante é proteger o trabalho, projetos e relatórios os quais esteja desenvolvendo, inclusive sua agenda pessoal, e ter sempre um backup de tudo o que for importante no computador da empresa. Além disso, deve-se fechar a gaveta com chave ou carregar consigo tudo aquilo que for prioritário, a fim de que o material não seja sabotado. Isso pode ajudar bastante em situações de crise.

A vítima deve ainda tirar fotocópias de bilhetes e guardar emails e documentos que comprometam o agressor, como a solicitação de tarefas impossíveis de se cumprir, ou inúteis, e que provem a perda de promoções, vantagens financeiras ou de postos. Também é válido anotar em um diário tudo o que se passou com detalhes, como dia e hora em que foi provocado, nome das pessoas que assistiram à cena etc.

O trabalhador deve fortalecer laços com pessoas mais próximas e buscar apoio dentro e fora da empresa. Dentro do ambiente empresarial, a ajuda pode se dar pelas mãos de profissionais como assistente social, psicólogo e médico do trabalho.

É imprescindível dar visibilidade e denunciar o assédio moral, pois o isolamento e o silêncio só favorecem o agressor. Falar sobre o problema evita que se adoeça física e emocionalmente, e ainda ajuda outras pessoas que estão passando por situação semelhante.

Além disso, a vítima deve procurar um sindicato e pedir orientação sobre como proceder para buscar assistência jurídica e formalizar denúncias no Ministério Público, Ministério do Trabalho, Comissão de Direitos Humanos e Conselho Regional de Medicina, que tem uma resolução sobre a saúde do trabalhador (1488/98).

"Quando não nos rebelamos contra as atrocidades do outro, permitimos que a crueldade permaneça, que as mentiras prosperem e que estes atos se banalizem".
(Sigmund Freud)


Fontes pesquisadas:

HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio moral: a violência perversa no cotidiano. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

PIMENTEL, Déborah. Assédio moral no trabalho. Aracaju: Sindicato dos Eletricitários do Estado de Sergipe, 2007.

ASSÉDIO MORAL. Disponível em www.assediomoral.org. Acessado em 07/02/2008.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Muitos carnavais...

"Se eu deixar de sofrer, como é que vai ser para me acostumar? Se tudo é carnaval, eu não devo chorar, pois eu preciso me encontrar".
(Batatinha/J.Luna)

Meu corpo já começa a sentir os efeitos do esforço dispendido na folia de Momo que termina hoje, mas mesmo assim encontro motivação para escrever estas palavras regadas a muito álcool e nicotina! Carnaval... festa das múltiplas possibilidades, em que uma força esquisita e libertária faz despertar na gente essa ânsia louca de trilhar os caminhos da lascívia, que têm como destino os mais torpes, incontidos e indizíveis desejos... Nessa época, as pessoas querem se livrar de todas as amarras impostas pela vida prática e real, e mostrar o que elas realmente são: seres humanos, dotados de instintos, necessidades e vontades, nos quais a razão não consegue nem deve impor freios o tempo inteiro. E é assim, desenfreada, a vontade que eu tenho de você. Queria ter coragem de lhe dizer com mais objetividade e sem rodeios tudo o que sinto, mas acho que não é nem necessário fazê-lo, pois, no fundo, você já sabe... mas não quer nem pode entender! Ontem, procurei a sua presença, busquei sua cara entre as caras da multidão, pois queria ao menos por intantes que os seus olhos de mar cruzassem os meus, e assim eu pudesse estampar no rosto o meu sorriso mais bonito, advindo da alegria do reencontro, da alegria de ver a sua figura ali presente! Queria apenas lhe dar um abraço apertado e sincero! No entanto, aos poucos, a minha esperança de encontrar você se esvaeceu tal qual a fumaça do meu cigarro. As batidas do meu peito tornaram-se mais fortes que as dos sambas entoados pela cantora deslumbrante que se apresentava no palco. Então, decidi juntar-me a turma que me acompanhava e seguir rumo ao pólo multicultural no Marco Zero! Sambei a noite inteira para esquecer o quanto me senti sozinho neste carnaval, apesar de tão "disputado" por família e amigos! "(...) Alguém vai sambar comigo, e o nome eu não digo/ Guardo tudo no coração".

Chego à conclusão de que não há Galo da Madrugada, ladeiras de Olinda, frevos, sambas, axés ou mil beijos indiscriminados que possam curar a solidão, porque ela é inerente à condição humana. No fundo, as pessoas brincam mesmo para esconder a dor! Vou findar as palavras por aqui, pois a minha cerveja já está esquentando...